Hoje José Sócrates comemora o seu aniversário e quem, como é o meu caso, se assume como seu admirador (sem ser cego perante alguns erros, que os tempos vieram clarificar!), só pode congratular-se por vê-lo usufruir a data em condições bem mais cómodas do que as da prisão de Évora.
Não podemos, porém, deixar de considerar intencional todo o aparato mediático, que se montou em frente à sua residência atual, porquanto os telejornais sabem bem que, enquanto andarem a encher chouriços com que pizza ele vai jantar, ou quem o visitou, vão dando espaço de manobra para passos coelho e paulo portas continuarem a fingir de mortos, porque sabem ser essa a única estratégia possível para escaparem ao escrutínio das malfeitorias feitas aos portugueses nestes quatro anos.
Tenho sérias dúvidas quanto à possibilidade de José Sócrates prejudicar em si mesmo a campanha do Partido Socialista. Muito embora tenha suscitado ódios cegos em muita gente, que não consegue discernir o quanto de bem pior ficou por causa de passos e de portas, estou esperançado em que vá crescendo uma maioria de portugueses indignados com a forma como, com a Operação Marquês, alguma (in)Justiça se tenha desmascarado quanto à perversão da sua mais básica deontologia. E que, face a essa constatação comece a melhor entender o que ele denunciava ao falar da “narrativa” falsa alimentada pela direita e pelos seus comentadores a propósito das circunstâncias, que nos conduziram ao PEC IV.
Compreendo, porém, que esse processo ainda não tenha amadurecido o bastante para se manifestar nas eleições de 4 de outubro. E confio que José Sócrates é o primeiro a compreender como a direita, e esse setor da (in)Justiça, pretende fazer dele arma de arremesso contra António Costa e contra o Partido Socialista. Quer uns, quer outros, são os principais interessados em que não aconteça a mudança desejada pela maioria dos portugueses a 4 de outubro. É por isso, que bem podem os donos dos jornais e das televisões ansiarem por manchetes em torno de José Sócrates, que ele não lhes satisfará os desejos.
As próximas semanas serão de total enfoque nas eleições legislativas e subscrevo o que Daniel Oliveira dizia esta noite no «Eixo do Mal»: “eles” vão mesmo levar uma abada. E já aguardo pelas expressões compungidas com que alguns dos que agora tanto valorizam os “empates técnicos” terão, então, de explicar aos espectadores as razões para se terem enganado tão redondamente.
É que vai uma abissal diferença entre a grandiosa receção, que António Costa recebeu no Porto com o portas acossado, que saiu de Ofir sob a proteção de uma escolta policial.
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