Esta tarde, no regresso de mais uma ação de campanha, encontrei no átrio do prédio um dos vizinhos, que ao olhar para o autocolante por mim ostentado no peito, disse:
- Sempre tenho votado no Partido Comunista, mas desta vez vou votar nesse!
Recordei tal momento do dia ao ver o debate entre António Costa e Jerónimo de Sousa. Porque, desta feita nem sequer se colocou a questão de saber quem o ganhou: a prestação do secretário-geral do PCP foi tão confrangedora, que quase dava pena a comparação entre o primarismo dos seus argumentos e o discurso rico e estruturado do secretário-geral do PS.
O que sentiria o velho comunista ao olhar para a postura corporal submissa do seu líder aliada às hesitações quanto ao que ia dizendo?
Decerto terá sentido muitas saudades dos tempos de Álvaro Cunhal e, até mesmo de Carlos Carvalhas, quando um desafio deste tipo era correspondido por uma explanação de razões que, mesmo no registo cassete, tinha convicção e fazia algum sentido.
No debate de hoje Jerónimo de Sousa fez transparecer o envelhecimento de uma determinada forma de defender uma causa que, ainda assim, continua a fazer todo o sentido.
É que as desigualdades até se agudizaram criando condições para mais intensas lutas de classes. Mas o PCP já é inócuo nessa evolução, que diz muito mais respeito às forças políticas de esquerda, capazes de se adequarem às estratégias exigidas pelas mudanças sociais, tecnológicas e culturais.
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