Ontem à noite, já perto da meia-noite, alguns amigos começaram-me a alertar para a sondagem de que se começara a falar durante a tarde e que garantiria seis pontos de vantagem à coligação de direita sobre o PS. E alguns confessavam-se desolados com o estado a que estávamos a chegar, fazendo coro com o que as televisões tentam impor como pensamento único: que António Costa não está a conseguir passar a sua mensagem de modo a superar as falácias adversárias sobre um utópico país salvo da bancarrota, com menos desemprego e mais exportações.
Quer então, quer depois, durante a manhã, andei a relativizar a fiabilidade dessa sondagem junto de outros amigos com quem falei. É que basta colocar algumas questões de fácil resposta para entendermos o que nela está subjacente:
- por que “estranha” coincidência surge tal projeção na manhã do debate, por muitos classificado como decisivo, entre passos e Costa?
- porque merece ela tão pouco destaque nos sites das publicações do grupo Cofina, que a encomendaram e parecem afinal tão envergonhados em utilizarem-na, já que cheira demasiado a logro para parecer séria?
- qual o significado de 1/3 dos inquiridos, que se disseram abstencionistas?
- qual a validade técnica de uma consulta aleatória a seiscentas pessoas e cuja margem de erro (4%) está próxima da insignificância estatística?
E, embora não relacionada diretamente com esta notícia, justifica-se uma outra pergunta ainda mais pertinente: estaremos todos cegos quando vemos as multidões em torno de António Costa quer nas ações de rua, quer nos comícios? Ou quem se fazem intencionalmente cegas são as televisões, que tentam minimizar o mais possível essa realidade?
Ao fim da manhã encontrei o meu amigo Calado, que não costuma ter papas na língua. E ao vermos o lado positivo desta golpada - um maior incentivo aos indecisos, que não querem, porém, ter mais quatro anos de passos coelho no governo e por isso poderão sair do comodismo para irem votar - ele concluiu: «Pode ser que se f….»
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