Um dia passado sobre o debate na rádio entre Costa e passos coelho ainda continua a pairar a minitempestade de areia, que comentadores e facebookianos da direita tentam atirar-nos para os olhos.
Supostamente o que deveria estar em causa nestes debates seria o balanço dos quatro anos de desgoverno. Que é exatamente aquilo que passos coelho não quer que aconteça. Por isso no primeiro debate invocou o sagrado nome de José Sócrates em vão. O resultado foi canhestro, mas foi ao encontro do que lhe era essencial: em vez de se abordar o ocorrido entre 2011 e 2015, tentou sempre difundir a sua conhecida narrativa sobre quem chamou a troika, vendo-se prontamente desmentido pela carta apresentada no «Público» alguns dias depois. Ainda assim já tinha sido quase unânime o veredito da sua derrota.
Para o debate de ontem, os seus marketeiros escolheram outra opção: o ataque atabalhoado, mesmo que violentando frequentemente a verdade dos factos. Mas para um recorrente mentiroso foi algo que nem sequer ameaçava fazê-lo pestanejar.
Tivemos assim uma troca de argumentos em torno do único programa eleitoral digno desse nome apresentado a estas eleições: o do Partido Socialista. E com passos a pretender atirar com farpas sem sentido a qualquer momento, lembrando aqueles pugilistas amadores que, sem sabedoria, disparam socos em todas as direções na esperança de algum acertar no adversário.
Procurou tirar assim benefício de um dos aspetos mais singulares deste momento político: quase todos os comentadores passam o tempo a falar das supostas áreas menos esclarecidas do programa socialista, mas quase nenhum estranha o facto de não existir qualquer documento da coligação PAF, que esteja disponível para o seu escrutínio. E assim continuou a ser nos comentários exibidos depois deste novo debate.
Até é esclarecedor que gente informada continue a não querer compreender a lógica da descida provisória da TSU, quando os seus méritos são tão simples de explicar e estão bem escalpelizados nas contas apresentadas pelo grupo de economistas com que Costa se dotou do conhecimento dos condicionalismos inerentes à sua ação governativa.
Para já, aos íderes do PAF, importa-lhes repetir mil vezes as mesmas mentiras para que elas se colem às mentes dos mais ingénuos. Nomeadamente aquela, que tentam explorar até à náusea, em como o PS não quer discutir a reforma do sistema de pensões. Como poderia aceitar se o ponto de partida da coligação é o corte de 600 milhões nas pensões de reforma? Quem poderia aceitar uma tão execrável forma de fazer política?
Calados os microfones a campanha prosseguiu como já vinha acontecendo: passos andou em ambientes protegidos onde dificilmente se sujeitaria a contestação das pessoas (ainda que alguns trabalhadores do Arsenal do Alfeite tenham transmitido o seu protesto mediante as t-shirts envergadas), enquanto António Costa voltava a viver sucessivos banhos de multidão no Algarve.
Provavelmente será assim nas próximas duas semanas: passos e portas a quererem evitar a todo o custo a repetição das cenas vividas em Braga, ou em Ofir, e Costa envolvido no turbilhão de gente ansiosa por se ver livre do pesadelo vivido nestes quatro anos…
Já lá vem outro carreiro!
Sem comentários:
Enviar um comentário