A efeméride da semana passada referente ao início da crise financeira de 2008, na sequência da falência do banco Lehman Brothers, suscitou um conjunto de peças jornalísticas, algumas das quais de inegável interesse. Numa delas, o então primeiro-ministro britânico Gordon Brown confiou ao «The Guardian» o receio de estar para breve uma réplica ainda mais grave do então sucedido, por terem falhado todas as tentativas de voltar a regulamentar seriamente um setor avesso a qualquer constrangimento e com poder de lobbying suficiente para deixar as coisas tal qual estão. Por isso Brown compara-nos a sonâmbulos a dirigirmo-nos para uma crise futura, com potencial para ser ainda mais grave, por faltarem o que nessas situações se afirma fundamental: líderes mundiais capazes de as enfrentar e lhes corresponderem com respostas, que não se limitem a replicar a célebre frase do príncipe Salinas no «Leopardo»: mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma.
Não é que simpatize com particularmente com essa ideia de líderes providenciais, porque revelam-se quase sempre mais danosos do que benéficos para a evolução da História dos povos. Mas Brown enfatiza o essencial: ou muito rapidamente ocorre um consenso político internacional para restringir a capacidade de influenciação dos poderes financeiros - banca, fundos de investimento, agências de rating, entre outras - ou a Democracia pode ficar seriamente em causa. Urge o ressurgimento de movimentos contestatários do tipo Occupy Wall Street, que deem massa crítica à ação de políticos apostados em impor uma agenda socialista na governação dos mais influentes países do mundo.
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