domingo, 23 de setembro de 2018

Lamúrias, conspirações e fascismo à moda do Porto


Neste fim-de semana ainda nos poderemos deliciar com as lamúrias de alguns desanimados admiradores de Joana Marques Vidal, expeditamente afastada sem outra vã glória, que não essas compungidas desilusões de quem dava por garantida a sua continuidade. Inconformada, restou à enjeitada o queixume de não ter sido sequer questionada por Marcelo ou Costa sobre a vontade em continuar.
Dá gozo a leitura da crónica de João Miguel Tavares no «Público» sob o título «Aprende Joana: em Portugal manda o PS», procurando criar nova inventona, associando Costa a Sócrates e Marcelo a Ricardo Salgado para demonstrar que os políticos (supostamente sempre corruptos!) quiseram dar uma prova de força sobre os («impolutos») representantes da Justiça.
Constata-se, assim, que para este prosélito das direitas, nem o inquilino de Belém se safa, citando, quase no final, a célebre história da «vichyssoise» com que, em 91 ou 92, Paulo Portas se estampou. Para o Tavares fica a lição de ter em Marcelo alguém pouco fiável para os lugares-tenentes do seu campo político.
A têmpera de escorpião para com alguns parceiros da direita não nos deve iludir: nada querendo ter com Santana e percecionando o flop, que Rio irá protagonizar, já está a impulsionar o seu diretor de campanha, Pedro Duarte, decidido a lançar um tal Manifesto X, com que pretende fundamentar o golpe dentro do PSD contando para tal com a colaboração do ex-Pingo Doce Nuno Garoupa, com o filho de Ramalho Eanes, com o encenador Ricardo Pais e com a ex-segurista Glória Rebelo. Para assim vindimar, Duarte promete muita parra. Desconfia-se, porém, que recolherá pouca uva.
A conspirar está também Pedro Passos Coelho que, segundo outro homónimo, (Marques Lopes), anda numa azáfama a mendigar apoios para recuperar o antigo cargo partidário. Mais uma oportunidade para, porventura, confirmarmos a tal tese sobre a História repetir-se sempre duas vezes, a primeira como tragédia e a segunda como farsa.
Como desconfia que nem com as atuais lideranças, nem com as que se propõem derrubá-las, serão bem sucedidas, quer o Negrão do PSD, quer Cristas, voltam a apostar numa carta mais do que esgotada: a revisão constitucional, que lhes facilitaria o retorno ao poder - mormente através dos círculos uninominais tão do agrado dos caciques locais! - mesmo que a pretexto da definição da possibilidade ou não da renovação do cargo do titular da Procuradoria Geral da República.
Tiques fascistas vão-se, entretanto, revelando na segunda cidade do país com a Administração de Serralves a impor critérios censórios à exposição de Robert Mapplethorpe, suscitando a demissão do seu diretor. Os Diáconos Remédios, que imperam na Fundação, nada aprenderam com tantos exemplos de censores execrados por, em sucessivos séculos da História da Arte, sempre terem tentado - em vão! - opor-se ao que viriam a ser consagradas como obras-primas da criatividade humana. Quando convocados ao Parlamento pelo Bloco de Esquerda para se explicarem, gostaremos de assistir sobre as razões  para um tão repugnante crime contra a liberdade artística.
Igualmente no Porto está em causa a perseguição política a que um dos braços-direitos de Rui Moreira anda a impor a  Célia de Carvalho, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, eleita por unanimidade para tal cargo, mas caída em desgraça, porque está casada com um assistente social de Campanhã, particularmente enfático na forma como vem criticando a inação da Câmara para contrariar as revoltantes desigualdades sociais na cidade. A prepotência fascista desse vereador não espanta se soubermos que Moreira foi busca-lo à equipa de colaboradores de Valentim Loureiro.

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