sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Cabazada à portuguesa


Há dias, ao folhear o Libération, surgiu-me a notícia de a equipa do Benfica ter ganho à do Ponte de Frielas por 28-0, logo na primeira jornada da 2ª divisão do Campeonato Nacional feminino de futebol. Notícia suficientemente apelativa para até chegar à imprensa francesa e nos qualificar como país de grandes cabazadas. Comparativamente essa terá sido ainda maior do que a sofrida por uma equipa de râguebi a que pertenci na adolescência ao ter perdido por 64-4 com outra adversária, sendo inesquecível o nosso entusiasmo ao conseguirmos o ensaio, que nos deu os 4 pontos e nos fizeram esquecer os dezasseis que haviam propiciado os 64 aos outros.
No entanto, se pensarmos em termos de cabazadas, a que as direitas acabaram de sofrer com a não recondução de Joana Marques Vidal, ainda é bastante maior. Porque, semanas a fio foram tantas as pressões nas televisões e nos jornais, tanta a abundância de fake news a dá-la como reempossada, que a forma como António Costa tratou de as vencer foi tão cartesiana quanto taxativa.
Se há dias atrás expressava a esperança em como Costa não se deveria deixar vencer por tais manipulações - considerava que ele só tinha de ser como sempre nos habituara na frieza com que costuma corresponder a este tipo de desafios! - confesso-me encantado com o desiderato.
Ouvir as reações dos derrotados tem sido um enorme prazer, porque dificilmente conseguem dourar a pílula de uma afronta contra a qual nada podem fazer. E Rui Rio, que se intimidou com as reações dos parceiros do partido, desviando-se das primeiras declarações que o davam de acordo com a não recondução de Joana Marques Vidal, voltou a perder uma nova oportunidade para se colar a António Costa como um dos vencedores. Merecidamente acabou por se juntar ao coro dos derrotados.
Não admira que um dos primeiros indignados a reagir tenha sido Passos Coelho. Pudera! Não podia ele agradecer à agora afastada procuradora o favor de não ter ido por diante a investigação sobre a Tecnoforma? Não foi ele um dos muitos políticos laranjas a escapar ao veredito da Justiça por decisão partidarizada da instituição, que só os opinadores das direitas afiançam - sem se rirem! -, ter sido «independente»?
Prudente mostra-se Portas, que ainda não deu ar da sua (des)graça. Porque, sempre que o virmos a abitaitar sobre as questões da Justiça logo a associação de ideias nos põe reluzentes submarinos a emergirem na mente.
António Costa e Francisca Van Dunem conseguiram uma brilhante vitória política com a indigitação de Lucília Gago. E agora ficamos à espera que os pasquins da Cofina façam parangonas com a «violação» à Democracia inerente a terem deixado de fluir para os seus cabeçalhos as habituais assopradelas oriundas do edifício da Rua da Escola Politécnica.

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