quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Hoje haverá debate parlamentar!


Quando hoje chegar ao debate parlamentar António Costa pouca ansiedade sentirá pelas possíveis perguntas sobre a substituição de Joana Marques Vidal na Procuradoria-Geral da República. Derrotadas em toda a linha, as direitas só quererão esquecer a forma como tanto arriscaram, e tão expeditamente se viram reduzidas à merecida irrelevância. O seu desespero está bem patente nas respostas emotivas de Passos Coelho - a quem há que lhe exigem o esclarecimento sobre os alegados «motivos escondidos» de Marcelo para se ter rendido a Costa! - ou de Helena Matos, assumida nostálgica de uma intentona militar, que lhe desse um governo fascista à medida dos seus anseios. Enfim, desabafos no «Observador», publicação que a ninguém engana quanto ao que pretende alcançar.
Apesar de ruidosos no protesto também os taxistas pouco contarão. Embora com alguma razão nalgumas questões de fundo (a uberização das economias e dos mercados de trabalho) cometeram o erro estratégico de hostilizar o governo em geral e o primeiro-ministro em particular. No fundo nada aprenderam com o achincalhamento dos prosélitos de Joana Marques Vidal: frio na reação, António Costa não tardará a dar-lhes o devido troco. Até por serem óbvios os sinais de desgaste de uma luta inábil, que trará zero retorno aos que para ela foram atraídos.
O que causará real embaraço a António Costa é o diz e desdiz relativamente ao Infarmed. Confesso a curiosidade em relação à forma como descalçará tal bota. Tanto mais que a reação mais crítica terá sido a de Manuel Pizarro, que não poupou nas palavras para qualificar negativamente a forma como o governo do seu partido tratou tão desastradamente esse assunto.
Os dias têm-nos também trazido notícias contraditórias a nível internacional: a prisão do filho de José Eduardo dos Santos é elucidativa quanto à inevitável queda em desgraça de todos quantos julgam deter poderes absolutos. Na mesma linha a Igreja Católica alemã andou a investigar os seus podres e concluiu terem existido pelo menos 3677 menores abusados por clérigos seus entre 1946 e 2014, ascendendo a 1670 os criminosos envolvidos. Entre eles o próprio irmão de Bento XVI...
No Brasil outro poder abusador - o de muitos dos seus juízes! - estão em vias de conhecer amarga derrota: se impediram Lula de voltar a ser presidente, quem o substituiu na candidatura ao Palácio do Planalto - Fernando Haddad -  está a conhecer uma subida contínua nas sondagens. Haverá muita gente no Rio, em São Paulo e em Brasília a ficar intimidada com o seu desfasamento em relação à superior vontade dos eleitores.
Falando destes, mas em Itália, será que os votantes no Movimento do palhaço Grillo ainda se reconhecerão num partido, que se limita a ser bengala prestável aos ditames do fascista Salvini, agora ufano pela unanimidade do governo ao pacote de medidas contra os refugiados e os imigrantes? Ainda intocáveis os dois partidos, que partilham o poder em Roma, não imaginam quão rápida e abrupta será s sua queda...

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