As eleições suecas de hoje devem acabar definitivamente com as ilusões de quantos menosprezam a necessidade dos partidos socialistas o serem efetivamente, porque funcionaria melhor o modelo nórdico tido como social-democrata. O crescimento da extrema-direita limitará as opções de governo e nem o Partido de Stefan Löfven - presença constante, mesmo que virtual, nos mais recentes congressos do PS! - conseguirá repetir a solução atual com os Verdes, nem o bloco de direita bastará por si mesmo para ser alternativa. O risco de um grande centrão só poderá contribuir para dar maior importância aos neonazis, que se escondem no falacioso nome de Democratas Suecos.
O que se conclui por ora é a injustificabilidade de uma aceitação tão ampla quanto a verificada com emigrantes ou refugiados vindos de outras culturas, que ponham em causa a identidade dominante do país por nela não pretenderem necessariamente diluir-se. Ademais, se a criminalidade assumida por suecos de origem é minimizada, todos os episódios perpetrados por quem assim não se caracteriza, logo são empolados, dando a ideia de uma maior insegurança com eles relacionada.
Não se pode dizer que o novo partido da esquerda alemã, que se coloca numa lógica antiemigrantes, seja uma solução viável. Sobretudo por pôr em causa alguns dos valores mais queridos do pensamento da esquerda. Mas convenhamos que a grande maioria dos emigrantes de origem muçulmana - nomeadamente os turcos! - têm dado provas sobejas em como lhes é indiferente a possibilidade de se tornarem alemães, por quererem continuar a manter o pior da sua própria cultura em terra alheia.
O desafio que se coloca à esquerda é complicado, mas só pode passar por retomar o princípio da estrita laicidade como imperativo das políticas a propor, exigindo que as confissões religiosas se vivam no recato das igrejas, mesquitas e residências dos próprios, e sejam impedidas de se pronunciar nas questões sociais, sejam elas os direitos fundamentais das mulheres ou das minorias sexuais. É retomar a tese de ser a religião um ópio nefasto, que oprime e humilha quem não se enquadra nas suas idiossincrasias.
Recolocando as religiões no espaço restrito em que devem ser vividas, cabe às esquerdas focalizarem-se na denúncia e combate das desigualdades sociais, na privação à liberdade de informação inerente a ter os jornais, as rádios e as televisões nas mãos de meia-dúzia de donos que selecionam o que possam difundir e na alteração total de um sistema de justiça abastardado pela partidatização, que o leva a investigar e criminalizar todas as situações ilegítimas vindas das esquerdas (e isto tanto é válido para Portugal como para o Brasil!) como a ilibar as oriundas do campo contrário. Inclui, igualmente, devolver ao setor público todas as atividades económicas, que jamais deveriam ter sido privatizadas, mais do que demonstrada a perversidade de quem delas só quer colher os máximos lucros, sem lhes importar o significado social correspondente.
Quer nos Estados Unidos onde muitos dos candidatos democratas ao Senado e à Câmara dos Representantes mostram orgulho em defenderem os ideais socialistas, quer nesta Europa onde as extremas-direitas têm campeado nos despojos da moribunda Terceira Via, importa relevar as políticas inerentes a uma sociedade dividida em classes sociais e em que a mais abastada continua a enriquecer despudoradamente à custa de todas as demais.
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