Há quem conteste o êxito do protesto emitido por Mário Centeno na reunião do Eurogrupo ao confrontar os que andaram a prever raios e coriscos para as finanças portuguesas durante 2016 com os resultados oficiais do défice orçamental efetivamente verificado. Lá se viram desmentidos nas previsões catastrofistas devido ao abandono das receitas, que lhes eram gratas e motivaram declarações incendiárias com o objetivo de verem os seus desejos traduzidos em realidades.
Será difícil ouvir de Schäuble ou de Djesselbloem os mais que justificados atos de contrição, mas um e outro poderão nem sequer chegar ao fim do ano nos cargos que desempenham. O holandês tem o seu partido no oitavo lugar das sondagens para as eleições desta primavera e o alemão dificilmente conservará o lugar num novo governo, mesmo que Merkel ganhe, porque a coligação com Schulz dificilmente comportará a sua visão distorcida da realidade europeia.
Para já ficamos agradecidos que metam a viola no saco e se escusem de prosseguir o trabalho de sabotagem da governação de António Costa.
É que, para esse trabalho, podem sempre contar com Passos Coelho como se viu no debate desta sexta-feira. Por muito que os interesses partidários e pessoais lhe sejam tão caros, uma pinga de sentido patriótico impedi-lo-ia de se tornar no propagandista de uma «realidade alternativa» como a de fazer passar o défice de 2016 de 2,3% para 3,4% com argumentos facilmente desarticulados nos seus fundamentos, mas que, entretanto, ecoam em ouvidos inconvenientes.
Sendo fundamental melhorar nas classificações da Fitch e da Moody’s para que os juros da dívida se tornem mais comportáveis, a peixeirada parlamentar só revela a falta de ética, que o move, por fornecer argumentos a quem deles tanto precisa para manter o governo a contas com esse obstáculo.
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