(1) O insuspeito Finantial Times publicou artigo assaz positivo para o governo de António Costa, que terá excedido as expetativas a quem tão pouco dera por ele. Mesmo reconhecendo o crescimento insuficiente da economia, o jornal inglês acentua o facto de ter-se tratado de aposta em contracorrente à doutrina austeritária e, por isso mesmo, merecer uma aprovação do eleitorado, que constitui caso único por toda a Europa.
Prova-se assim que havia uma alternativa ao rumo seguido pelo governo das direitas no período entre 2011 e 2015 e só a miopia ideológica de quem as liderou não quis ver. E é nesse sentido, que se distingue o que é a direita e a esquerda. Sem a confusão, que Daniel Oliveira denunciou no último «Eixo do Mal»: para a generalidade dos comentadores da nossa praça, se corresse mal o governo era de esquerda, mas como correu bem, dizem-no centrista.
Nesse sentido, e combatendo a tendência para a novilíngua de uns e as pós-verdades de outros, estamos perante políticas efetivamente de esquerda, porque trouxeram mais rendimento, mas sobretudo mais esperança da maioria dos portugueses quanto ao futuro dos seus filhos, a quem já ninguém aconvida a emigrar para que possam sobreviver.
(2) A embrulhada do Novo Banco promete não ser resolvida tão cedo, porque o único comprador interessado pede garantias ao governo, que ultrapassam em muito o quanto estão dispostos a investir. Na prática esse hedge fund norte-americano quer ficar com os ativos e ainda receber mais dinheiro vivo por isso.
Para o governo sobra a decisão difícil:
- nacionalizar o banco incorporando os seus prejuízos com o que isso significa por em risco o défice previsto para este ano, a que se somam os riscos dos processos ainda em fase de litigância, mas que se arriscam a ser extremamente dispendiosos para o Estado;
- deixar o processo ir-se arrastando com o que isso significará de desvalorização acrescida do que já tanto valor perdeu;
- avançar com a insolvência, com o que isso significa para uma instituição ainda com 20% do mercado;
Manifestamente só há um ganhador em todo este processo: o ex-secretário de Estado das privatizações, Sérgio Monteiro, a quem Carlos Costa prolongou o contrato de 25 mil euros mensais para tratar da venda do Banco e que, até agora, já nos custou a nós, que lhe pagamos essa verba, um total de mais de 360 mil euros.
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