Para quem ainda não percebeu o filme todo, João Galamba assina um texto eloquente no «Público» de hoje e que, embora seja diplomaticamente menos explicito do que desejaríamos, deixa bem clara a responsabilidade sobre a tragédia nacional, que é a situação do Novo Banco tem. Como culpado maior temos Carlos Costa, cuja titularidade no cargo de governador do Banco de Portugal, é um verdadeiro insulto aos portugueses, que lhe andam a pagar os prejuízos da incompetência, negligência e sabe-se lá que outras razões relacionadas com o estado em que deixou cair o sistema bancário. Mas também Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque, que viram na destruição do Grupo Espírito Santo a possibilidade de se arvorarem nos «heróis» capazes de porem os banqueiros na ordem.
O cálculo político das direitas, que anteviam a imprescindibilidade de conquistarem um segundo mandato com maioria absoluta para concluírem os objetivos lançados a coberto da troika, está a ter custos e implicarão quase por certo outros, que devem-lhes ser devidamente assacados. Inclusive ao seu vendedor de banha da cobra, Marques Mendes, cujo papel dominical continua a ser o de manter acesa a chama do adiado projeto neoliberal, mas que, em 2015, a poucas semanas das legislativas, avaliava a venda do Novo Banco em 3 ou 4 mil milhões de euros, o que a tornaria num sucesso estrondoso sem custos para os contribuintes. Hoje, a “melhor” oferta conseguida por Sérgio Monteiro foi a de um fundo abutre norte-americano disposto a cá vir arrecadar mais uns milhões, que o Estado português lhe pagaria a título de garantias sobre ativos duvidosos.
João Galamba defende a inevitabilidade da nacionalização do Novo Banco até por ele, na realidade, já se ter convertido nesse estatuto na qualidade de entidade sob responsabilidade pública desde 3 de agosto de 2014.
Porque é a solução que menos penaliza os contribuintes e permite resolver os problemas de rentabilidade e sustentabilidade do sistema financeiro, a nacionalização resolve de uma vez por todas o impasse em que o Novo Banco está, obrigatoriamente a corrigir até agosto, e permitindo atrair capital privado de qualidade, que lhe assegure rentabilidade e viabilidade no seu novo modelo de negócio.
Pessoalmente, e depois de se verificar o fragoroso desmentido da tese da superioridade da gestão privada sobre os grandes negócios de que dependem grande parte dos cidadãos, questiono-me se não é altura de, depois de revertidas as legislações celeradas, com que as direitas atacaram os rendimentos e os direitos constitucionais dos portugueses, não será altura de começar a preparar a recuperação para o setor público de algumas empresas indevidamente privatizadas.
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