1. Há jornalistas do «Expresso» de opiniões tão ditadas por preconceitos ideológicos que, ao criticarem alguém só podemos ler-lhes as prosas como elogiosas para os visados, sucedendo exatamente o contrário, quando se multiplicam encómios para quem os não merece.
Um desses casos é Martim Silva, que vem ultimamente assinando a coluna dedicada aos Altos & Baixos da semana. Hoje de quem se lembrou para tecer louvores? Obviamente de Francisco Assis, cujas opiniões alinham na perfeição com os que se opõem à atual maioria governativa.
Promovem-no, pois, a oráculo dos raios e coriscos, que não tardarão a cobrir de negro as cordatas relações do Partido Socialista com as demais esquerdas parlamentares numa variante da tese do Diabo: tal qual Passos Coelho, a malévola criatura, se não chegou por via da economia, acabará por vir através das divergências – por ele tidas como insanáveis! - entre os atuais parceiros da maioria.
Talvez seja devido a essa pequenina luz de esperança, que o PSD enceta este ano com a recauchutagem da estratégia de há um ano atrás, dispondo-se a votar tudo quanto Bloco, PCP e PEV decidirem promover contra o governo. Depois da TSU prometem agora inviabilizar as parcerias privadas na Saúde, uma vez mais escusando-se ao papel de representarem os interesses dos patrões apenas por tacticismo político.
Há dias alguém nas redes sociais ironizava quanto à possibilidade de, em breve sairmos do euro, da União Europeia e da Nato, porque tão-só os partidos à esquerda do PS proponham tais medidas na Assembleia da República e verão Passos & Cª aprová-las.
Para a direita laranja chegou-se à fase do vale tudo, mesmo que ao arrepio de quanto antes defendera e tinha como matrizes identitárias. E o mesmo está a passar-se com um dos seus mais desesperados «compagnons de route», o tal Assis a quem o semanário de Balsemão dá, igualmente, honras de primeira página com um insulto soez a Pedro Nuno Santos.
De cabeça perdida o ainda deputado europeu entrou, também ele, na fase do vale tudo.
2. O semanário de Balsemão dá, igualmente, ênfase a mais uma fase da campanha destinada a demonstrar aquilo que os milhões de euros, ingloriamente gastos pelos investigadores, não permitiram provar: que José Sócrates se deixou corromper enquanto esteve em funções governativas.
Seria interessante auditar quanto, em ordenados e verbas a eles associadas dos procuradores, especialistas da Autoridade Tributária, juízes e polícias, nos custaram essas investigações ao longo de mais de três anos? Ora aí está um número, que muitos gostariam de conhecer e ver estampados em «cachas» das primeiras páginas dos jornais!
Os propagandistas da tese insistem igualmente em não darem ênfase àquilo que, isso sim, está bem comprovado: para diabolizarem quem pretendiam manchar definitivamente na reputação, houve quem não hesitasse em manter preso um suspeito durante nove meses apesar das provas serem então ainda mais risíveis do que as atuais conjeturas.
Após o fracasso das investigações relativas ao Parque Escolar, às casas na Venezuela, a Vale do Lobo e a outras mistificações, que de tal não passaram, a curiosidade residirá em perceber por quanto tempo perdurará esta nova teoria, que associa Ricardo Salgado ao antigo primeiro-ministro. Também nalguns setores da Justiça portuguesa persiste a lógica do vale tudo!
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