Na próxima semana decorrerão dois dos três debates previstos entre os candidatos da esquerda conotada com o Partido Socialista francês antes das primárias de 22 e 29 de janeiro.
Para quem já arrumou a questão, considerando inevitável uma segunda volta entre Marine Le Pen e François Fillon este assunto pouco interessará, mas para os que, como eu, ainda acredita haver mais marés do que marinheiros, a atenção estará presa ao que dirão os sete candidatos, e muito particularmente Benoît Hamon, em quem deposito as esperanças quanto a um efeito semelhante ao conseguido pelo vencedor da direita tradicional.
Sentado no meio dos outros seis nesse primeiro debate, Hamon poderá justificar porque é, de entre todos, o que está a subir progressivamente nas sondagens, mesmo ainda ficando muito aquém dos índices necessários para desmentir os que confundem previsões com resultados. E como as próprias sondagens têm sido o que sabemos, é grande a esperança em que este candidato bretão a quem Marine Aubry elogia a capacidade para fazer a leitura mais correta da realidade social, e Patrick Cherki aponta como traço dominante da personalidade o saber sempre pôr em causa as aparentes certezas, chegue à reta decisiva e dispute a vitória para o próximo mandato no Eliseu.
Nos últimos meses ele esteve particularmente atento às campanhas do Podemos e de Bernie Sanders em quem reconhece uma dinâmica de movimentos em ascensão.
As suas propostas, que procuram convergir o socialismo com a ecologia, sempre guiado pela tradição do partido na defesa das liberdades, incluem a aprovação do rendimento universal, a redução do tempo de trabalho, a interdição dos pesticidas e dos perturbadores endócrinos, o acolhimento de refugiados e a legalização da cannabis.
Serão propostas muito à esquerda para uma sociedade tida como infletida à direita? Provavelmente não, porque se correspondem à tal apreciação aprofundada da sociedade tal qual lhe elogiou Aubry, podemos ter aqui a grande surpresa das eleições deste ano no espaço europeu.
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