O terrível cemitério em que está convertido o Mediterrâneo deveria levar os governos europeus a imitar o nosso Marquês do Pombal quanto à importância de enterrar os mortos (pelo menos os que são recolhidos das águas), e, sobretudo, cuidar dos vivos. E, como Rienzi tem exigido, trata-se de tarefa que não incumbe apenas à Itália ou à Grécia como portas mais assediadas da fortaleza europeia, mas a toda a União, onde deveria acabar de vez a lógica exclusivamente financista imposta pelo BCE, pela Comissão e pela maioria dos governos em funções.
Se há vinte anos António Guterres ganhou umas legislativas a lembrar que as pessoas não eram números, essa evidência deveria impor-se a tais fautores de desgraças, que sujeitam milhões de europeus à mais degradante das misérias e não mostram a mínima compaixão por quem tudo apostou para escapar à guerra e à fome nos seus países de origem.
Nos próximos dias estarei em Haia onde está sedeado o Tribunal Penal Internacional, cuja missão é o julgamento de crimes contra a Humanidade. Ora, se nesta altura os facínoras do Daesh ou do Boko Haram estão a revelar-se os campeões do nazismo islâmico (tal qual bem o designou Umberto Eco na entrevista agora publicada no «Expresso») e deveriam ali já estar detidos, sobram uns quantos governantes atuais bastante merecedores de lhes partilharem a companhia. Como há muito ali deveriam ter comparecido george w. bush, tony blair, aznar ou barroso por terem inventado uma guerra, que se revelou afinal a caixa de pandora donde emergiram os piores dos males atuais.
Prometiam derrubar Saddam Hussein, que até garantia direitos razoáveis às mulheres e respeitava os das minorias religiosas, para impor uma democracia de tipo ocidental um pouco por todo o Médio Oriente embora mantendo as ditaduras da Arábia Saudita, do Koweit, do Barhain ou do Qatar. O resultado está à vista!
Como não aprenderam com o erro, repetiram-no com Kadhafi, que até financiou a campanha presidencial de sarkozy para logo por ele se ver traído logo a seguir! E querem-no prosseguir com a tentativa de derrubar Assad, o único líder laico de uma região dominada por regimes religiosos ou por eles seriamente influenciados.
Agora os que querem aportar à Europa, vista como ilusório paraíso, vêm em grande parte do Iraque, da Síria, da Líbia e da África Central onde o jiadismo também encontrou terreno fértil para se expandir.
Quem originou esse jiadismo foram aqueles quatro meliantes que se reuniram nos Açores para decidirem o que se adivinhava ser um desastre anunciado. Mas se já Reagan criara a Al Qaeda ao financiá-la e armá-la para que combatesse os soviéticos!
Pode-se bem concluir que já nem se trata de defeito ideológico, mas da cultura criminosa de quem causa tais catástrofes sociais...
Pode-se bem concluir que já nem se trata de defeito ideológico, mas da cultura criminosa de quem causa tais catástrofes sociais...
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