Ontem escrevi aqui que a direita ficou num grande sarilho. E o dia de hoje confirmou-o, e de que maneira.
Na Assembleia da República o objeto de debate era o Programa elaborado pelo governo para entregar em Bruxelas. “Era” mas “não foi”, porque tão só tinham a oportunidade de tomar a palavra e logo os membros do governo e os deputados da ainda maioria logo se punham a desancar no programa macroeconómico dos economistas convidados pelo PS.
Com argumentos sólidos? Se acredito que as críticas formuladas pelo PCP ou pelo Bloco de Esquerda assentaram numa prévia leitura do documento - mas tinham como preconceitos respetivos a imediata saída do euro ou a renegociação da dívida - as que provieram do CDS ou do PSD não pressupuseram uma atenção mesmo que mínima ao conteúdo em causa.
O guião que traziam ensaiado tinha duas cantilenas donde não conseguiam sair: a primeira “esquecia” o papel determinante da crise financeira internacional na criação da situação muito complicada que o governo de José Sócrates teve de enfrentar a partir de 2008, e atribuía ao antigo primeiro-ministro a culpa pela convocação da troika. Para os desafinados tenores e sopranos desta cantilena nem sequer sobrava uma referência à responsabilidade de passos coelho em derrubar o governo de então para chegar mais rapidamente ao «pote».
A segunda cantilena assemelhava-se ao grasnar de um urubu: se aceitarem que sejam os socialistas a governar eles voltarão a causar a bancarrota e a chamar a troika.
Como referiu, e bem, António Costa numa reação a passos coelho ao fim da tarde, seria asizado que a direita começasse por ler o documento em vez de se ficar pela reação, que preparara há vários dias, mesmo sem conhecer o que iria criticar. E que, face a números estabelecidos com todo o rigor por economistas de grande mérito e reputação, apresentasse os seus próprios números para que pudessem ser confrontados no seu verdadeiro significado.
Mas essa é outra dificuldade que se coloca a esta ensarilhada direita: o PEC de maria luís assenta em números de faz de conta sem qualquer fundamentação, que os suporte. Pode-se imaginar que ela quer tirar 600 milhões de euros aos pensionistas todos os anos para os dar aos patrões à capa da TSU, mas não o diz assim e até é capaz de imitar Paulo, o pecador, renegando três vezes o que está implícito no que elaborou.
Mas convenhamos que essa falta de rigor é aquela a que já nos habituou pires de lima que, com bazófia logo anunciou défices de 2 mil milhões de euros. A forma como o disse dá ideia de ter-se decidido por esse número como poderiam ser 3 ou 4 com o mesmo esforço de análise (que se presume ter sido nenhum). A menos que tenha feito tais contas no animado estado de espírito em que estava no dia das «taxas e taxinhas» na Assembleia e visse alguns números a dobrar ou a triplicar.
Reitero o que ontem aqui concluí: em que grande sarilho está a direita com estes cenários macroeconómicos traçados pelos economistas convidados pelo PS!!!
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