sábado, 18 de abril de 2015

A confissão do impasse de um modelo falhado

No debate de ontem na Assembleia da República toda a esquerda esteve bem a denunciar a teimosia ideológica de passos coelho, que viu fracassadas todas as experiências implementadas nestes quatro anos e insiste em querer prossegui-las. Por isso fez do PEC, agora entregue em Bruxelas, uma antecipação do que serão as suas propostas aos eleitores portugueses para as eleições legislativas do outono.
Ferro Rodrigues realçou o seu carácter de ataque aos que têm arcado com o peso do austericídio: “O programa do Governo, para as eleições e os próximos quatro anos, é um programa de ameaça.  (…) Diz que não aprecia contos de crianças, é uma brincadeira de faz de conta. Faz de conta que o PSD/CDS ganham as eleições, que Passos é primeiro-ministro. Faz de conta que é Cavaco Silva que vai continuar como Presidente da República.”
Jerónimo de Sousa terá sido quem melhor sintetizou a distribuição desigual de sacrifícios, que passos coelho entende serem necessários depois de ter prometido acabar com eles em 2013: “O Governo tem dois pesos e duas medidas”: mantém cortes nos salários e a sobretaxa no IRS até 2019, corta mais 600 milhões de euros na saúde, 400 milhões nos serviços públicos; ao mesmo tempo que baixa 1% todos os anos no IRC e elimina a contribuição extraordinária do sector energético em dois anos”, enumerou o líder comunista.
Por seu lado Catarina Martins demonstrou o carácter leviano de passos coelho ao confrontá-lo com uma questão pertinente a que ele não deu resposta: “O Governo tem debaixo da cartola a descida da TSU para sacar não se sabe quando. Quantos empregos são precisos criar para compensar uma medida da TSU em 2%?”
Mas Catarina Martins trazia as contas feitas: “Exige a criação de 320 mil novos postos de trabalho.” Algo que nem nas mais utópicas previsões se podem considerar como exequíveis!
Mas António Costa cortou cerce qualquer possibilidade de discutir com passos coelho as medidas previstas no PEC, dando um exemplo óbvio: se o Tribunal Constitucional já chumbou um corte de 372 milhões de euros na Segurança Social, terá a direita qualquer ilusão quanto à pretensão de a espoliar em 600 milhões de euros?
António Costa concluiu: “O Plano de Estabilidade e o Plano Nacional de Reformas são a confissão do impasse em que se esgotou este modelo, nada mais propondo que manter cortes de salários e a sobretaxa do IRS até ao final da próxima legislatura e a renovação de novos cortes nas pensões”.
Para contrapor a tal caminho, António Costa aposta na “recuperação dos rendimentos” das famílias, elencando a subida dos salários e pensões da função pública, “a progressão do salário mínimo e o desbloqueamento da contratação coletiva”.
Só podemos lamentar que cavaco silva dê ainda seis meses a passos coelho para causar ainda mais danos sociais do que os já produzidos. Sobretudo por parte de mota soares, que se prepara para que a Segurança Social mande para o desemprego 400 das 950 amas de que dispõe atualmente para cuidar de crianças até três anos ao aprovar um novo regime legal para o exercício da atividade. 

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