No «Público» de hoje li o relato de um caso eloquente, ontem exposto na Assembleia da República pela deputada Catarina Martins e que expressa bem o quão «facilitador» foi este governo para os patrões nestes quatro anos, colateralmente traduzível na queda abrupta do número de nascimentos.
Patrícia, contou a bloquista, “trabalhava há mais de cinco anos na loja de uma cadeia de vestuário” e “engravidou”: “Enquanto estava de licença de maternidade, a empresa mudou o seu local de trabalho para outro estabelecimento, aonde nunca tinha ido. A loja onde a colocaram fechou poucos dias depois e a Patrícia, grávida e a gozar a sua licença, foi despedida em virtude da extinção do posto de trabalho”.
Patrícia, vincou, “não é caso único”. O seu posto de trabalho foi “atribuído a alguém que não tinha filhos, nem esperava ter”.
“Até ao dia em que essa mulher, também ela, queira ter uma criança. Aí será despedida por este grupo”
Com este exemplo prático bem podem os deputados laranja carpir lágrimas de crocodilo, que uma verdadeira política de favorecimento da natalidade só se torna possível com uma revisão das leis laborais, que voltem a dar direitos a quem trabalha, nomeadamente, voltando a dificultar o despedimento e a precariedade.
Se a coligação PSD/CDS julgava fazer um brilharete com a possibilidade de, apenas na Função Pública, aceitar horários a meio termo remunerados a 60% para cuidar de crianças, logo Vanessa Cunha, do Observatório das Famílias e das Políticas de Família, não teve dúvidas em prever que só uma ínfima fatia dos interessados poderia eventualmente aproveitá-los. Porque “a grande maioria das pessoas não pode abdicar de 40% do rendimento”.
Toda a discussão relativamente ao desastre demográfico causado por este governo acaba por ter as mesmas características das que decorrerão nestes meses até às legislativas: perante os efeitos catastróficos das suas políticas, a direita procurará dar a ilusão de ter novas ideias para implementar, mas que se revelam a mera recauchutagem das já dolorosamente sentidas pelos portugueses. E, esta tarde, isso ficou bem claro nas principais linhas do PEC, que maria luís se prepara para apresentar em Bruxelas: embora procure desviar as atenções para o fim do corte dos vencimentos da função público e da sobretaxa do IRS até 2019, o que lá se torna bem evidente é a tentativa de cortar mais 600 milhões de euros com novos cortes nas pensões de reforma.
Manifestamente, esta direita nada aprendeu com os seus erros!
Sem comentários:
Enviar um comentário