À medida que as ilusões quanto a uma próxima adesão à União Europeia se desvanecem e a crise económica e financeira agrava seriamente a qualidade de vida da população, o desespero vai radicalizando ainda mais naqueles que se apossaram do poder em Kiev.
Não é que, na génese, conseguissem enganar os mais atentos, que sempre os consideraram tão arrivistas e corruptos quanto os apaniguados de Iakunovitch, entretanto expulsos do poder. Mas estes últimos tinham duas vantagens, que os atuais sucessores não possuem: não procuravam hostilizar uma parte significativa da população (e lembremo-nos da proibição do idioma russo logo após a “revolução” de Maidan!) e tinham em conta os equilíbrios geopolíticos da região europeia em que se inseriam.
Agora, ou Poroshenko consegue convencer os europeus e os norte-americanos a enterrarem dinheiro no seu sorvedouro sem fim ou estará muito em breve a prestar contas a uma população iludida pela possibilidade de conseguir padrões de vida europeus da noite para o dia, e só ficou com mais miséria e desesperança.
Compreende-se assim que, sem mais soluções, a radicalização assuma formas absurdas: como a de 254 dos 450 deputados de Kiev terem aprovado uma lei destinada a proibir os símbolos da antiga União Soviética e que os monumentos de figuras históricas ainda de pé sejam derrubados, e até os nomes de ruas e localidades alterados — uma tarefa complicada num país com mais de mil cidades e aldeias com nomes que remontam ao domínio soviético.
Mas, falhando os mais básicos meios de subsistência à população, o novo regime ilude-se com a possibilidade de a manter sossegada à conta da sua propaganda suicida. Já que é do vizinho do lado, que vem a energia com que se iluminam, aquecem e fazem funcionar o que resta da sua decadente economia...
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