Pedro Nuno Santos disse-o no comício de Aveiro durante a semana: de que vale andarmo-nos a carpir quanto ao crescimento eleitoral das extremas-direitas se não enfrentarmos com determinação as causas, que levam o operariado e os trabalhadores menos especializados a abandonarem as antigas simpatias socialistas e comunistas para se porem de braço dado com quem deveriam considerar como seus prioritários inimigos?
Está a custar demasiado tempo a correção dos danos causados às esquerdas europeias pelas ilusões blairistas em torno da Terceira Via. Não vale a pena olhar para os iludidos votantes do campo contrário como «deploráveis» - usando a fórmula encontrada por Hillary Clinton! - se nada se fizer para os fazer mudar de lado da barricada. Macron só veio confirmar tardiamente o já aprendido com outros antecessores: se só se fala para as classes médias, alheando-se da existência de todos os outros, o resultado fica à vista sob a forma de coletes amarelos e outros movimentos inorgânicos, rapidamente cooptados pelos populistas.
Está na altura de os militantes das esquerdas empenharem esforços consequentes a ouvirem as aspirações dos que se sentem abandonados pelos governos e não conseguem divisar futuro animador para os filhos e netos. Só voltando a sentirem-se respeitados enquanto cidadãos poderão abrir-se aos argumentos dos que melhor saberão contagia-los para uma Visão de que se sintam participantes.
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