Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis.
Bertolt Brecht
Por muito que o diretor do «Público» porfie em encontrar, por estes dias, matérias noticiosas passíveis de serem agarradas como chavões por Rio ou Cristas para suprirem a falta de ideias para o país verdadeiramente substantivas e convincentes para um melhor futuro para o país, não consegue evitar os sinais dados pela dinâmica da campanha eleitoral, reiterada pelo que nos dizem as sondagens publicadas no seu próprio jornal. De facto as sondagens da Universidade Católica para o jornal da Sonae e para a RTP demonstram várias evidências:
- que o PS está confortavelmente à frente do PSD, quer nas europeias (dez pontos), quer nas legislativas (onze pontos);
- que uma vitória no domingo servirá de alavancagem para outubro, não sendo tão despicienda a possibilidade de uma maioria absoluta quanto os analistas desta previsão no-lo querem fazer crer. É que o intervalo inerente aos 39% anunciados, está em 42% no seu patamar superior;
- que a distância entre os partidos de esquerda (57%) e os da direita se ampliam (36%);
- que os novos partidos da direita, recentemente eclodidos quais cogumelos, não conseguem deixar de ser grupúsculos sem dimensão significativa nos favores do eleitorado;
- que as opções de Rio pela demagogia primária e de Cristas pela gritaria histérica não conseguem a atração pretendida;
Podemos considerar que é incompreensível ver o eleitorado de direita estabilizado nos mesmos 37%, que dera ao PàF há quatro anos. Isso demonstra a necessidade de continuar a trabalhar persistentemente junto dos cidadãos para os convencer quanto à sua paradoxal filiação em siglas contrárias aos seus interesses específicos. É que não se compreende como pensionistas ainda votem nos partidos, que lhes queriam cortar os rendimentos, por muito que saibamos quanto padres e bispos lhes azucrinam as cabeças nesse sentido. Ou que quem trabalha em empregos precários e mal pagos apoie quem entende ser essa, na consolidação desse modelo económico e social, a chave para a prosperidade do país. Ou ainda esses jovens que, no escalão entre os 18 e os 24 anos, se mostram mais favoráveis ao PSD do que ao PS, como se fosse a direita a poder garantir-lhes propinas, passes sociais ou residências universitárias mais baratas.
As sondagens da Universidade Católica são muito animadoras, mas não são de molde a permitir descontraída redução dos esforços de todos nós, os militantes e simpatizantes dos partidos de esquerda, para que o país mude no sentido de maior justiça social. Como referia Bertolt Brecht na sua célebre máxima, temos de ser imprescindíveis!
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