quinta-feira, 30 de maio de 2019

Um Ministério Público que continua com graves problemas oculares


É provável que o Ministério Público até encontre matéria suficientemente comprometedora para levar a tribunal os autarcas de Santo Tirso e Barcelos ou o presidente do IPO do Porto. Mas há claro cheiro a esturro numa ação, que parece de compensação por, no Campus de Justiça de Lisboa, a Operação Marquês estar a meter água por vários rombos e os suspeitos do costume não conseguirem viver sem arranjarem casos judiciais contra dirigentes do Partido Socialista.
Curiosa é a opção editorial das televisões, que deram tanta importância ao caso Sócrates quando viram o ensejo de o incriminar, mesmo que as provas fossem inconclusivas, e agora remetem o julgamento para meras notas de rodapé, quando se vão conjugando os fatores para tudo resultar numa mão cheia de nada. Porque não se pressagia grande sucesso para a trupe de Rosário Teixeira e de Carlos Alexandre, quando um dos seus principais lugares-tenentes, Paulo Silva, passa o seu depoimento perante Ivo Rosa a alegar não saber, ou não se lembrar, de factos determinantes para se aferir da culpabilidade dos réus.
Temos, assim, o Ministério Público a fazer de autarcas socialistas do Norte do país os alvos das suas atenções por um tipo de atividades - a da organização de eventos - que todos os concelhos possuem e para o qual contratam empresas como a da também arguida Manuela Couto.
Que não soa bem a contratação da empresa da mulher pelo autarca de Santo Tirso, concordamos! Mas qual o problema de outras autarquias recorrerem aos seus serviços se é essa a sua especialidade?
Presume-se que se o Ministério Público se mostrasse tão diligente com autarcas do PSD, que têm feito adjudicações diretas às muitas empresas de organização de eventos espalhadas pelo país decerto encontrariam matéria para encherem os tribunais de interpretações abusivas do que é corrupção ou tráfico de influências. Porque, depois de todo o foguetório destes últimos dois dias, o mais certo é tudo resultar em nada. Mas  enquanto conseguirem manter um fluxo de notícias televisivas atentatórias do bom nome do recém-vencedor das eleições europeias julgam assim garantir o sucesso do que prefigura uma estratégia de índole corporativo.

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