sexta-feira, 3 de maio de 2019

A coragem do governo e o não me comprometam de todos os mais


Duas reações eloquentes ao corajoso gesto de António Costa perante a reedição da mesma coligação de partidos, que levou Passos Coelho direitinho ao governo há oito anos: numa delas um conhecido ex-dirigente do PSD confessou ter recebido uma mensagem do filho a perguntar-lhe como se tornara possível essa opção dos dois partidos das direitas em darem ao PS a maioria absoluta nas próximas eleições. Noutra reação um prestigiado simpatizante do Bloco condenava o aventureirismo do partido e confessava a surpresa de se ver disposto a votar no PS pela primeira vez na sua já longa vida.
A tarde e a noite foram, igualmente, palco de opiniões indignadas de gente, que tanto tem pugnado pela derrota dos socialistas e vê o seu esforço deitado abaixo pelo comportamento dos partidos, que julgariam capazes de lhes traduzirem os sonhos por realidades. José Gomes Ferreira, Marques Mendes, Ricardo Costa, entre outros, viam-se obrigados a reconhecer que a razão assistia totalmente ao primeiro-ministro, deixando Louçã algo atarantado com uma situação, que não conseguira prever e para a qual provavelmente contribuiu ativamente.
Mas o melhor estava reservado para as reações dos partidos comprometidos em tão espúria coligação negativa: João Oliveira veio-nos demonstrar quantas saudades teremos de Jerónimo de Sousa, quando ele se reformar; Catarina Martins debitou a sua versão da estória no tom quase lacrimejante de quem se sentia arrependida; Cristas surgiu a querer fazer-se de forte, mas a expressão facial não enganava, decerto ciente de como, na mesma semana, depois do percalço interno com as passadeiras arco-íris, as decisões por si avalizadas lhe ricocheteavam violentamente na face com a força de uma bofetada bem dada. E a cereja em cima do bolo calhou a Rui Rio, que se pôs cobardemente a milhas na atitude típica dos que apostam no «não me comprometam»!

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