5 - A execrável Assunção Cristas
E eis-nos chegados ao comportamento da líder do CDS no período compreendido entre a célebre reunião da Comissão Parlamentar, que suscitou a imagem, por alguém comparada às dos quadros do barroco flamengo, de umas quantas deputadas aos papéis, e o dia em que o conjunto da Assembleia dobrou finados pelas inaceitáveis exigências de Mário Nogueira.
Numa entrevista Assunção Cristas reconheceu que essa semana lhe havia corrido mal.
Pudera! Julgou-se na iminência de ver conjugados os esforços de quantos seriam necessários, à esquerda e à direita, para defenestrar António Costa, e acabou por ser ela uma das mais ameaçadas de tal destino.
É caso para perguntar o que terá sentido quando, ao longo dos dias, foi ouvindo os comentários dos que lhe costumavam ser simpáticos, e a acusavam de cumplicidade num imperdoável pecado? Subitamente aquela contínua estratégia de dizer as maiores barbaridades com a firme convicção de nelas se sentir plena de razão deixava de ser eficiente.
Até agora seria capaz de afiançar ser a Terra plana com tanta segurança, estando errados todos quantos pensassem o contrário, que lhe foi doloroso o banho de realidade quanto a dela desacreditarem. Por este andar, poderá usar a réstia de honestidade intelectual contida nos neurónios, mostrando razoabilidade em vez de tacticismo, que se arrisca a ver definitivamente dissolvida a cortina de fumo inibidora de ser constantemente lembrada como a entusiasta de um país coberto de eucaliptos, a irresponsável capaz de assinar de cruz fulcrais decretos-leis à saída da praia ou, sobretudo, a determinada comparsa de todas as malfeitorias feitas aos cidadãos portugueses entre 2011 e 2015.
Durante anos pareceu competente seguidora de Portas, o mestre das mensagens assassinas, mesmo que inócuas no verdadeiro sentido. Aluna esforçada dessa “escola” de aparentar substância no superficial para esconder a vacuidade concreta do que defende, Assunção Cristas está a aproximar-se do fim da data de validade. Os indícios nesse sentido vão-se acumulando com a contestação silenciosa a crescer internamente num partido, cujos militantes adivinham não terem hipóteses de, através dele, singrarem nos próximos anos.
Durante algum tempo os cêdê-ésses até poderão ter acreditado que Cristas seria primeira-ministra. Tratava-se tão-só de esperar pelo fracasso brutal de Rui Rio e pelas circunstâncias externas adversas, que prejudicassem os planos de António Costa a médio prazo. Não é preciso olhar para a realidade das seitas religiosas para constatar a credulidade dos prosélitos nas mais estapafúrdias possibilidades. Só que os tempos passam e veem-na dar tantos tiros nos pés quanto o rival do próprio campo político. Ademais veem e ouvem o que as ruas lhes transmitem e sentem-nas esvaziadas dos tolos, que se mostrassem assertivos para com os bolos por si servidos.
Aproxima-se o momento em que Cristas regressará à universidade para aí prosseguir o nefasto esforço de influenciar jovens para rumos que, manifestamente, não serão os que mais lhes convirão. Lamentavelmente, a sua venalidade exercer-se-á ainda por muito tempo, mesmo que em diferente dimensão...
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