domingo, 12 de maio de 2019

O QUE A CRISE CONFIRMOU SOBRE A PERSONALIDADE DOS LÍDERES PARTIDÁRIOS (IV)


4 - O antipático Rui Rio

A recente crise política corroborou-nos a ideia que fazíamos do atual presidente do PSD: nem é sério, como alguns insistem em considera-lo, nem se revela leal para com quem o deveria indubitavelmente ser.
Rio procura cavalgar em dois ídolos com pés de barro da História portuguesa do último século: Oliveira Salazar e Sá Carneiro. Do primeiro replica a atitude sovina, que explica ter mergulhado o Porto no marasmo entre 2002 e 2013. Ao contrário de António Costa, cuja apologia das contas certas tem obrigatoriamente de se conciliar com desenvolvimento do país e a redução das desigualdades, Rio mostrou que, da Economia, só reteve a lógica contabilística de equivaler os custos com as receitas sem preocupação em criar uma estratégia política e financeira, que deixasse a cidade melhor do que estava, quando tomou posse da sua gestão autárquica.
Tacanhamente inculto, travou a dinâmica cultural da cidade, preferindo as laferiazices e as corridas de calhambeques aos grupos de teatro e às demais áreas de expressão artística. Não chegou a tanto, mas manifestou-se na filiação daquele general franquista, que ameaçava puxar da pistola se ouvisse falar de cultura.
Do mito em torno do pequeno líder de desconhecidas qualidades de bailarino, que a morte impediu de se revelar quanto à nulidade da sua competência como político e da essência de ditadorzinho de cartola - que fora evidente no trato (e sobretudo destrato) dos companheiros de partido - Rui Rio limita-se a verbalizar-lhe o nome, e mais nada, porque pega pelo que julga representar e sabe ter uma mão cheia de nada.
Rio é, portanto, tudo isso: somítico, inculto e mal-educado. Por si só é uma péssima cabeça de cartaz para o Colégio Alemão, onde supostamente deveria ter saído instruído.
A crise mostrou-nos, porém, o que de pior nele se ia disfarçando: tendo Negrão e Margarida Mano confirmado que sempre com ele tinham estado em ligação durante a célebre sessão da Comissão Parlamentar, de que retivemos a famosa fotografia, é feio - mesmo muito feio! - ouvi-lo dizer que nada tivera a ver com o aí decidido por não lhe pertencer de facto, nem sequer ser deputado. O que se pode pensar de quem se sabe responsável por algo que corre mal, e logo se põe a milhas, atirando as culpas para cima dos que lhe haviam servido de meros intermediários? Quem pode confiar num mentiroso e num traidor?
As revelações não se ficaram, porém, por aí, já que o «Diário de Notícias» deste sábado trouxe a cereja em cima do bolo a propósito do seu comportamento ignóbil: um dos seus principais lugares-tenentes viu-se denunciado como o principal organizador de uma central de fake news com que pretende enganar os portugueses com um corrupio de mentiras relativas a políticos socialistas.
Regressado à ribalta com a promessa de trazer práticas menos ignominiosas do que as do seu antecessor, Rui Rio vem-se revelando como estando no patamar mais rasteiro a que o PSD tem descido.

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