A notícia de Manuel Valls ter saído do Partido Socialista francês nem o é sequer, mas serve de mais um exemplo - e existem-nos demasiados! - de gente que entra em partidos de esquerda para, voluntariamente, ou de acordo com o que não consegue deixar de ser no âmago, intentar destrui-los.
Infelizmente o agora deputado de Essonne já dera mais do que provas de quão pouco socialista era. A sua prática era coberta pela autodesignada condição de social-democrata que, por estes tempos, mais não é do que a capa sob que se cobrem quantos temem o regresso dos valores fundamentais das organizações apostadas em conseguir sociedades mais justas e igualitárias. Aqueles que, pelo contrário, têm valido apoios eleitorais dos jovens e das camadas mais esclarecidas das respetivas sociedades a Bernie Sanders ou Jeremy Corbyn.
Alegarão os cínicos, que ambos terão perdido as respetivas eleições, mas bem podem engolir em breve essa impudência, porque nem Trump, nem May - e já agora nem Macron ou Rajoy! - estarão em condições de reparar o rombo nas barcas capitalistas, que pretendem direcionar para os seus amanhãs cantantes, como os velhos tontos irão desaparecendo conjuntamente com os seus retrógrados valores.
O quinquénio com Hollande na condição de marionete-mor dos interesses agora, efetivamente, chegados ao poder sem qualquer disfarce, figurará num dos mais negros da esquerda francesa, mas ao mesmo tempo permite reformatar-se sem a carga inútil dos muitos agora tomados de amores pelo canto de Macron.
Não sendo a primeira vez que o partido de Jean Jaurès tem de renascer de períodos particularmente difíceis, esperemos que as tropelias de Valls e de Hollande não fiquem esquecidas quando - e esperemos que isso possa voltar a acontecer em 2022! - regressar ao Eliseu e ao Matignon.
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