1. Muito embora o grupo de Bilderberg seja o que é - uma reunião onde se discutem e preparam estratégias convenientes para os que ainda mandam neste mundo! - não deixa de ser interessante saber o que por lá se passa.
Enquanto Pinto Balsemão foi responsável pelo convite anual a dois portugueses em quem se reconhecia o mérito de ali comparecerem, procurou mostrar alguma flexibilidade apostando sempre num dos seus parceiros de partido, mas também convidando alguém da área socialista.
Substituído por Durão Barroso enquanto mordomo da festa, logo este voltou a demonstrar a sua costumada tendência para privilegiar os amigos. Daí que os participantes deste ano serão José Luís «Asnô» e António Mexia.
Para quem a reunião de Bilderberg interessa - os plutocratas por um lado e os que por eles são explorados por outro -, nada do que ali se passará verdadeiramente interessa, porque se trata de mera oportunidade para muitos conseguirem aprimorar a sua agenda de contactos. Mas confirma-se que Barroso nunca deixará de ser o mesmo: um medíocre que gosta de promover os que se lhe equivalem no (fraco) valor e no oportunismo.
2. A serem verdadeiras as notícias conhecidas esta semana a propósito do comportamento cobarde do embaixador nomeado por António Costa para ser o novo chefe dos serviços secretos, é óbvio que ele não tem as condições necessárias para tal cargo. É que não basta ser competente para as funções, que se lhe atribuem - e terá sido esse por certo o critério que esteve na origem da sua designação! -mas importa também ter em conta a sua personalidade. E alguém que, num momento crítico, tratou de salvar a pele sem sequer cuidar das vidas dos que deveriam estar na primeira linha das suas preocupações, não merece reconhecimento. Senão consideraríamos injusto o castigo recentemente aplicado ao capitão do paquete, que viu o seu navio naufragar na costa siciliana e tratou de se pôr a recato em terra sem priorizar o salvamento dos passageiros por cuja segurança era responsável…
3. A crónica de Miguel Esteves Cardoso no «Público» de hoje condiz com o que aqui tenho dito a propósito das eleições inglesas: Corbyn já as ganhou, mesmo que Theresa May consiga mais deputados. Porque os eleitores sentiram-se por ela manipulados e começaram a desconfiar de tudo quanto de mal se tem dito a propósito do opositor. E o que viram foi de um lado um homem decente e bondoso, e do outro uma mentirosa contumaz eivada de um oportunismo cada vez mais evidente.
Por muito que desagrade a alguns dos leitores deste blogue, as favas não estavam efetivamente contadas e Brecht continua a ser perfeitamente atual nos célebres versos que dizem: «aquele que está vivo/ não diga nunca NUNCA!»
4. Sobre a saída do Acordo de Paris decidida pela Administração Trump, fica sobretudo o sagaz alerta de António Guterres: “Está provado que o vácuo existe na física. Mas na geoestratégia, não há vácuo. Isso significa que se um país decidir não estar presente — e estou a falar de países grandes como os EUA ou a China — se um país decide deixar um vazio, posso garantir que alguém o vai ocupar.”
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