Nos últimos anos as estratégias fascistas têm sabido adaptar-se às circunstâncias contemporâneas, tornando-se particularmente bem sucedidas no recurso à demagogia mais primária, às notícias falsas, ao contorno dos dados de forma a dar-lhes uma leitura mais de acordo com os seus intentos.
Trump foi o mais bem sucedido nessa atualização das metodologias, mas Orban, Erdogan, Duterte ou o gémeo sobrevivente da Polónia também alcançaram o poder com tais «ferramentas». Só não foram suficientes para os fascistas, que têm assombrado as incipientes democracias europeias nos últimos anos, mormente na Áustria, na Holanda, na França ou em Itália.
A última eleição presidenciais em Portugal foi ocasião interessante para ver despontar esse tipo de demagogos. Três deles destacaram-se pela falta de vergonha com que esgrimiram argumentos, só nos valendo o facto de todos serem uns meninos ao lado de uma Marine Le Pen ou de um Geert Wilders: Henrique Neto já não passa de um velho dos Marretas, Tino de Rans é o idiota da aldeia com pretensões a ser levado a sério e Paulo Morais lembra aqueles acólitos de igreja, que envelheceram sem cumprirem o desejo de se verem investidos na missão de sacristão.
Vem isto a propósito deste último continuar a alimentar uma campanha de persistente apelo a emoções primárias na esperança de vir a ser mais levado a sério do que no inverno do ano passado, quando os seus votos nem sequer lhe bastaram para merecer a subsidiação da tíbia campanha.
Agora ataca as PPP’s das rodoviárias. De facto quem não gostaria, que elas fossem rapidamente nacionalizadas, poupando ao Estado o pagamento de verbas significativas, que tanta falta fazem ao investimento público? Estivéssemos nós numa situação revolucionária e seria medida tomada com plena justificação. Mas um governo enquadrado na União Europeia, com regras a cumprir, pode dar-se a tal extremo? Claro que não, sob pena de vir a pagar indemnizações avultadas em processos judiciais quase por certo perdidos!
E que dizer da anunciada proposta para que o Ministério Público averigue tais contratos? O complexado ex-acólito por certo não ignora que os atos de governo dificilmente podem ser questionados a menos que se descobrissem provas evidentes de corrupção na sua negociação.
É tudo isso que me faz execrar Paulo Morais, mudando de canal sempre que ele me ofende ao aparecer nas televisões: essa prática de aparentar honestidade com segundos objetivos, ambicionando explorar as paixões populares, é do que de mais repugnante posso encarar na vida pública. Até porque sabem-se lá os vícios privados que se escondem naquela cara de sonso!
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