A aproximação das eleições autárquicas tem suscitado um aumento da contestação por classes profissionais apostadas em se fazerem porta-vozes subliminares de partidos políticos, que não tenderão a manifestar-se com a mesma intensidade, ora porque estão supostamente comprometidos com o apoio parlamentar ao governo socialista, ora porque lhe fazem oposição à direita e falha-lhes argumentos políticos, preferindo por agora verem-se substituídos por reivindicações meramente corporativas.
Não concordo, pois, com greves de professores ou outros funcionários públicos de um lado, ou com as dos médicos ou dos juízes pelo outro. Ou, paradoxo dos paradoxos, muito menos com a dos bombeiros, que acedem em ver-se ainda manipulados por uma criatura fascista, reciclada em «democrata» em 1974 e cacique na sua terra (Vila Nova de Poiares), de que foi presidente da Câmara em sucessivos mandatos, só se afastando por força da lei e deixando ao sucessor uma dívida correspondente a insolúvel bancarrota.
Essas classes que andam a reivindicar muito mais do que o exequível no imediato, já recuperaram muitos dos cortes, que Passos Coelho lhes aplicara. Quererem agora Roma e Pavia num só dia só pode ser um insulto a quem por eles tem feito faseadamente o possível por lhes melhorar a qualidade de vida.
Pior estão aqueles para quem o governo deveria canalizar preferencialmente a folga decorrente da saída do procedimento por dívida excessiva: os desempregados, que já nada recebem de subsídio, as mães sozinhas com apertadíssimos rendimentos insuficientes para alimentarem a prole ou os que nunca foram meninos que chegam aos sessenta anos, com mais de quarenta na dura labuta e não se podem ainda reformar apesar dos achaques causados por condições desumanas de trabalho.
Solidariedade merecem-nos, de facto, esses!
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