Vi há pouco, e com alguns dias de atraso, o programa de comentário político em que Pedro Adão e Silva colabora na RTP3. E houve algo para que, a respeito da eleição de Trump, ele chamou a atenção: quando as três principais estações televisivas dedicam obscenas horas de emissão em debates sobre futebol, e mormente se o energúmeno A cuspiu ou não na cara do energúmeno B, está-se a criar o caldo de cultura propício ao fascismo.
Nos EUA um dos principais treinadores de futebol americano terá explicado isso mesmo como razão para a vitória de Trump: distraindo os eleitores com as doentias manifestações de clubismo, veda-se-lhes o espaço mental para pensarem substantivamente sobre o que lhes deveria interessar. E por isso tornam-se presas fáceis dos vigaristas da extrema-direita que, sendo responsáveis pela desgraça que denunciam, se arvoram em anjos exterminadores capazes de propiciar o acesso a falsos paraísos, desde que à custa de quem ainda mais abaixo está na respetiva escala social.
É a tática já conhecida dos imperadores romanos, que davam circo aos cidadãos para que eles não pusessem em causa as ditaduras que padeciam.
De uma vez por todas é altura de protestar contra esse abuso de comentários desportivos. É que de inofensivos não têm nada!
Giulio D'Anna. Football. 1933
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