quarta-feira, 12 de julho de 2017

Seria risível se não fosse lesivo dos interesses coletivos

Até mesmo os maiores opositores do atual governo nos media têm dificuldade em encontrar alguma sensatez na resolução do Ministério Público, que obriga António Costa a uma mini remodelação ministerial. Como é  possível que um caso risível se transforme numa momentânea crise política, embora se salde com a saída de cena de três secretários de Estado de demonstrada competência nos dossiers que geriam? Como podem os procuradores do ministério público recuperar alguma da sua já lastimável reputação, quando continuam dar mostras de uma evidente parcialidade em todas as acusações, que transformam socialistas em arguidos?
Daniel Oliveira põe a questão nestes termos: ou há  justiça ou pagam todos, inclusivamente os próprios magistrados, que tiveram o seu mais recente Congresso patrocinado por bancos privados. O cronista do «Expresso» conclui o texto de ontem com esta pergunta, cuja pertinência salta à vista: “se é para sermos puristas comem todos: os líderes parlamentares (atual e próximo) do PSD que aceitaram bilhetes e foram a correr pagar quando a coisa se soube, os órgãos de comunicação social que têm como hábito aceitar viagens pagas e os magistrados Ministério Público que aceita patrocínios de empresas para os congressos do seu sindicato quando os seus associados estão envolvidos em processos contra essas empresas. Estão todos dispostos a seguir este novo caminho de moralização ou a ética é só para os “malandros dos políticos socialistas”? “
A mesma questão de dois pesos, duas medidas, também surge no texto do insuspeito Ricardo Costa: “Quando a Galp tiver que revelar em tribunal a lista completa de convites para jogos da seleção dos últimos 15 anos o que vai fazer o Ministério Público? Dedicar uma mega equipa a isto? Processar todos os envolvidos em “jogos e viagens” que não tiverem passado o prazo de prescrição? Ou achar que estamos perante uma prática useira e costumeira? Vai ser o julgamento do século e seguramente um dos mais ridículos.”


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