O «Expresso» de ontem trouxe um artigo de opinião muito interessante, assinado pelo major-general Carlos Blanco, que qualifica de «conspiração, traição e sabotagem» a atitude dos dois tenentes-generais em foco nas notícias durante o fim-de-semana por pedirem a passagem à reserva em assumido confronto com o Chefe do Estado Maior do Exército.
No texto reitera-se o que já se sabia: Antunes Calçada e Faria Menezes “nunca aceitaram ser preteridos na escolha para CEME”, no ano passado, razão para terem apoiado “discretamente os promotores de uma manifestação sediciosa de entrega de espadas nas suas exortação à revolta”.
A denúncia indignada de Carlos Blanco terá por certo menos impacto mediático do que as atitudes golpistas dos que denuncia. Quanto faltará para que a imprensa escrita e audiovisual seja efetivamente equilibrada e dê a devida importância ao que merece tê-la. Ora o comportamento pré-insurrecional dos dois generais em causa deveria ter sido desprezado, reduzido à dimensão efetiva do seu intuito ressabiado.
Na mesma edição do «Expresso», Nicolau Santos ecoa o espanto de tanta gente com a seletividade do Ministério Público relativamente aos arguidos, que decide constituir:
“Esperemos, então, que o Ministério Público revele o tal “recebimento indevido de vantagens” que o levou a abrir o processo contra estes membros do Governo (que deve ser o pagamento da viagem, o bilhete do jogo e a estadia). Parece, contudo, uma investigação um bocadinho irrisória para ocupar os doutos investigadores do Ministério Público. Deve ser por causa de dossiês importantes como este que depois não conseguem formular a acusação, essa sim verdadeiramente grave, contra o ex-primeiro-ministro, José Sócrates e que, pelos vistos, vai ser de novo adiada desta vez para Outubro, furando todos os prazos admissíveis e aceitáveis para o desfecho do caso.”
Se precisássemos de mais alguma demonstração do carácter visivelmente antissocialista da instituição ainda comandada por Joana Marques Vidal mais este exemplo dispensaria qualquer outra: para os magistrados do Ministério Público é preferível derrubar três competentes secretários de Estado, que até comentadores de direita reconhecem importantes para os bons resultados conseguidos neste último ano e meio pelo país para os acusar de algo fútil, que morrerá de ridículo nas salas dos tribunais.
Sem comentários:
Enviar um comentário