Foi uma questão que ficou lançada quando o atual governo tomou posse e começa agora a ser esclarecida de acordo com o que suspeitávamos: ao assumir funções os vários ministros socialistas deparar-se-iam com um aparelho controlado por pessoas nomeadas pelo governo anterior e como tal predispostas a sabotar, seja intencionalmente, seja por mera negligência, os objetivos intentados pela nova liderança política.
Isso foi evidente no comportamento da secretaria geral da Administração Interna, que entrou em conflito com a Autoridade Nacional da Proteção Civil a propósito do incêndio de Pedrógão Grande e voltou a demonstrar-se em todo o seu esplendor na audição parlamentar da equipa da Inspeção Geral de Finanças, que procurou branquear o papel de Paulo Núncio na questão dos offshores.
As fugas de informações para os jornais, a produção de relatórios favoráveis aos desígnios das direitas e outros comportamentos, que poderíamos aqui continuar a esmiuçar, pressupõem uma estratégia que permita criar um clima mediático como o dos últimos dias, quando quase toda a imprensa se pôs a servir de altifalante a sucessivas propostas para defenestrar ministros.
Acredito que o governo está atento a esta realidade, e a tomar medidas de precaução contra novos entraves desta natureza, mas dificilmente isso será conseguido sem uma boa barrela nalguns altos cargos da Administração Pública.
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