Quando Passos Coelho mandou Poiares Maduro vir de Itália para integrar o seu (des)governo não faltaram trombetas a anunciar a vinda de um verdadeiro guru, de um deus vivo entre os mortais, de um number one ainda mais number one do que José Mourinho. O resultado foi pífio: nunca se vislumbrou nada da tão elogiada genialidade equiparando-se-lhe em irrelevância a de outra igualmente ribombante aquisição, a de Álvaro «pastéis de nata» Santos Pereira, cujo perfil académico resultou no nível zero enquanto capacidade governativa.
Poiares Maduro não desiste, porém, de reacender a centelha nos seus antigos prosélitos, aparecendo a dar uma entrevista ao suplemento económico do «Diário de Notícias» em que diz terem existido fundos europeus disponíveis para investimentos na Proteção Civil e que o atual governo escolhera não avançar na sua aplicação.
Quem o ouvisse sem malícia não o levaria preso e consideraria António Costa e seus ministros uns negligentes, se não mesmo uns criminosos, por destruírem a rósea herança, que Maduro e Passos lhes haviam deixado.
Em oportuno comunicado, o Ministério de Constança Urbano de Sousa dá-lhe o devido troco esclarecendo que a Proteção Civil só passou a dispor de fundos comunitários no Quadro Estratégico de Referência Nacional 2007-2013, “após uma negociação prévia muito exigente com a Comissão Europeia liderada pelo ministro da Administração Interna à data, António Costa”.
Nesse período foram aplicados na Proteção Civil cerca de 200 milhões de euros. Isto, enquanto o anterior Governo apenas destinou 57 milhões de euros a este sector no Portugal 2020 (QREN 2014-2020) — “uma redução de 70%”.
Destes 57 milhões, 50 milhões eram destinados à compra de dois aviões anfíbios de combate a incêndios, restando sete milhões de euros para todo o sistema de proteção e socorro até 2020”, o que “dificultaria a modernização das infraestruturas e equipamentos operacionais dos agentes de proteção civil durante vários anos, colocando em risco a capacidade de resposta dos dispositivos e a proteção e socorro das populações”.
Quer isto dizer que, enquanto António Costa, como titular do Ministério da Administração Interna há dez anos, destinara 200 milhões para a Proteção Civil no período entre 2007 e 2013, o governo de Passos Coelho previra 7 milhões entre 2014 e 2020.
Ademais os 50 milhões previstos por Maduro e seus cúmplices estavam previstos para ser aplicados num modelo de avião já descontinuado pelo respetivo fabricante e, em vez de dois, como ele alegou, só daria para adquirir um.
No mesmo comunicado o Ministério lembra que, já no âmbito da ação do atual governo foram aprovadas 68 candidaturas para a construção ou ampliação de quartéis de bombeiros num investimento previsto de 33 milhões de euros , enquanto em 2015 o governo de Passos Coelho apenas destinara 1,2 milhões de euros para tal fim.
A esse investimento soma-se o de 10 milhões de euros em 69 candidaturas para a aquisição de novas viaturas de bombeiros, algo que nunca acontecera com o anterior executivo.
Mais valia , pois, que Poiares Maduro adotasse o silêncio como atitude sensata porque, abrindo a boca, incorre no risco de ser confrontado com comparações assaz inconvenientes para si próprio.
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