No mínimo pertinente o texto de Pedro Filipe Soares no «Diário de Notícias» de hoje, quando, a propósito do SIRESP, o dá como exemplo de “uma burla, em que o Estado pagou cinco vezes mais do que devia, por um sistema que não funciona quando é necessário”.
A SLN foi claro exemplo disso mesmo, mas para quantos exaltam as virtudes do mercado e da gestão privada dos bens, que deveriam ser públicos, é fácil concluir que a suposta genialidade dos empresários e gestores desse tipo de grandes empresas nacionais potencia-se quando se trata de “sacar dinheiro do nosso bolso coletivo” .
Mas essa intromissão de interesses privados no que deveria ser de exclusiva responsabilidade do Estado, também se coloca ao confirmar-se que muitas instalações militares estão a ser objeto de vigilância e segurança por empresas privadas do ramo.
Tendo em conta o que delas se vai sabendo, quer nos moldes em que destratam os seus colaboradores, muitos dos quais precários, e as ligações perigosas com gente suspeita de crimes particularmente graves (vide Silva Carvalho, ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa, suspeito de utilização em proveito próprio e de amigos dos dados recolhidos pelos espiões, que supervisionava, e integrou uma das maiores empresas do ramo), como não dar razão ao colunista quando questiona e conclui: “quantas empresas de segurança privada estão a ser utilizadas como fachada para sociedades de associação criminosa e extorsão? Estaremos nós a criar um Estado paralelo, à margem das leis da República? A realidade está a dar respostas preocupantes a estas perguntas. E, seguramente, a privatização de funções de segurança do Estado é terreno fértil para vários destes problemas.”
Tendo em conta que esse projeto de reduzir ao mínimo as funções do Estado é pesada herança da lógica teapartiana de Passos Coelho, constitui imperativo de uma política efetivamente conforme com o interesse nacional a dispensa rápida de todas essas empresas, que andam literalmente a encherem os cofres à conta de todos nós.
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