sábado, 28 de novembro de 2020

Um agitador esfomeado

 

Recurso corajoso de gente que nunca mais esqueceremos,  e de que o irlandês Bobby Sands será sempre o mais representativo, a greve da fome tem vindo a ser adotada por estarolas de direita, senão mesmo de extrema-direita, que julgam colher simpatias mediáticas à conta da intenção de fazerem abrupta dieta. Que não tem resultado demonstra-o o dito presidente de um mini-sindicato de enfermeiros que, em fevereiro de 2019, empreendeu esse tipo de propaganda em frente ao palácio de Belém e teve de desistir ao fim de poucos dias, porque depressa todos lhe foram indiferentes, sobretudo os que poderiam satisfazer-lhe as absurdas reivindicações. Acresce que o vimos tão anafado quanto então o conhecêramos da última vez quando as televisões lhe voltaram a dar alguns minutos de importância esta semana. Agora é a vez do tal chefe de cozinha originário de uma península europeia pródiga em extremistas fascistas, aqui disposto a replicar-lhes o tipo de agitação, movimentando donos de restaurantes para dar aos prosélitos do Ventura a oportunidade de agitarem as suas bandeiras e proferirem as costumadas alarvidades.

Desconheço se, vinte e quatro horas passadas, o agitador mantém o protesto ou se as esfomeadas entranhas já o devolveram ao recato donde tanta dificuldade tem em se confinar.

Azar dele e de todos os negacionistas que se lhe associam os resultados da sondagem Aximage hoje anunciada pela TSF e pelo Jornal de Notícias: não só 57% dos portugueses consideram as medidas de restrição para estes fins-de-semana adequadas, como os restantes se dividem entre os que as entendem exageradas por excesso ou por defeito. O que significa quase 80% da população de acordo com os horários impostos aos restaurantes, ao comércio em geral e à proibição em sair-se da área do concelho em que se vive. E para o Natal e Ano Novo a aceitação de tais restrições mantém-se idêntica. E, se pensavam deteriorar o grau de confiança dos portugueses no governo de António Costa podem tirar os cavalinhos da chuva, porque 36% atribuem-lhe grande confiança a que se somam 31% a olhá-lo com mediana confiança.

Acresce enfim que a sondagem também não favorece os defensores da lógica de quem quiser saúde e tiver de a pagar (aos provados, claro): 45% demonstra uma grande confiança no Serviço Nacional de Saúde, somando-se-lhes 25% que dilatam esse juízo para o critério de «muito grande confiança».

Em suma: por muito que as direitas e a generalidade da imprensa ao seu serviço, queira resgatar a ideia de se estar a viver num «pântano» como o definira António Guterres antes de sair do governo, bem podem esperar sentados. O governo de António Costa aufere de merecido apoio em quem determinará a sua continuidade por muitos e bons anos...

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