segunda-feira, 23 de novembro de 2020

O capitalismo mata, oh se mata!

 


Numa crónica deste fim-de-semana o jornalista Vítor Belanciano lembra que a ideologia neoliberal também mata. Como se comprova no lento genocídio perpetrado pelo exército israelita contra os palestinianos da Cisjordânia.

Há quase três semanas, quando estávamos entretidos com as eleições norte-americanas, o exército israelita cometeu mais um dos seus crimes no vale do Jordão: a pretexto de existirem pastores sedeados perto de um sítio dedicado aos seus exercícios militares, expulsaram-nos violentamente e, com bulldozers, arrasaram todos os haveres que eles não conseguiram pôr a recato. Mais de sete dezenas de pessoas, incluindo velhos e crianças, ficaram sem sítio onde cuidarem dos seus animais, depois de já anteriormente se verem despojados das terras, que cultivavam e agora ocupadas, ou em vias de o serem, por colonatos ilegais.

Com esta ação o exército israelita já tem no currículo deste ano mais de oitocentas pessoas expulsas das suas casas e terras, o que constitui um lamentável record em comparação com os anos anteriores. E o objetivo é muito claro: dado que o vale do Jordão concentra no seu subsolo uma boa parte dos recursos freáticos da região, os israelitas procuram tornar irreversível a ocupação de um território, que a ONU considera pertencente ao futuro Estado palestiniano.

Este exemplo é oportuno para levar em conta numa altura em que Rui Rio melhor se desmascarou mediante o obsceno acordo com os fascistas do Chega. Agora, como se os alhos tivessem alguma coisa com os bugalhos, procura atirar lama ao PCP a propósito de um Congresso, que este tem toda a legitimidade em organizar. Porque, quando se pretendem desqualificar os comunistas a propósito dos crimes cometidos no século passado por quem dessa ideologia se reivindicava, esquecem-se o quanto os que por cá militavam, tanto se bateram e sofreram, para porem fim ao salazarismo! E nem querem ouvir falar  dos crimes atualmente cometidos pelos que se reclamam do capitalismo mais ou menos selvagem: desde os campos de concentração nas ilhas gregas ou italianas para refugiados, que preferencialmente se deixam afogar no Mediterrâneo até aos concretizados pelos aliados desse capitalismo ocidental, seja em Israel, no Brasil ou na Arábia Saudita! Basta lembrá-los para lhes reconhecer nenhuma legitimidade moral para darem como definitivamente enterrada a ideologia que lhes dá insónias: o marxismo que está bem e se recomenda, continuando a ser a única alternativa a um neoliberalismo esgotado, incapaz de manter as ilusões de prosperidade, que as crescentes desigualdades vão desmentindo. Daí que a expulsão dos pastores palestinianos assente na mesma matriz de pensamento dos que por cá - assim o pudessem! -, fariam o mesmo a quem lhes tolhem as ambições...

1 comentário:

  1. A sua análise, Jorge Rocha, resulta, como de costume, de uma falácia, a de que um sistema ideológico deve ser olhado apenas por comparação com a concorrência. Na verdade, o marxismo deve ser olhado pelos seus deméritos e por muito que isso lhe custe, eles são muitos.

    Não se pode querer acabar com a exploração do homem pelo homem e depois acabar a engendrar um sistema que a perpetua. Como dizia Bakunine, o único objectivo de uma ditadura é a sua própria perpetuação.

    Para melhor, está bem, está bem, para pior...

    Quanto aos comunistas, têm claro todo o direito de realizar o seu Congresso, o que se esperaria é que, por elementar prudência assim como em solidariedade com os sacrifícios da população (como fizeram PS e BE), se revelassem um pouco menos os eternos burros teimosos que são...

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