É possível que cheguemos ao fim da semana a abrirmos garrafas de espumante para comemorarmos a derrota de Donald Trump e a relativa dimensão das reações assassinas dos seus dececionados apoiantes, mas a realidade é que Biden na Casa Branca não alterará nada do que, há muito é uma evidência em Washington: quem manda nas principais instituições políticas norte-americanas são os interesses ligados aos negócios dos hidrocarbonetos e das armas, que travam qualquer intenção em adequar as políticas às urgências climáticas ou à resolução pacífica de muitos conflitos internacionais.
E, perante uma China capaz de pensar a longo prazo as suas estratégias económicas, ultrapassando os EUA em 2030, teremos uma vez mais a confirmação do que defendia o príncipe Salina em «O Leopardo» de Lampedusa; Biden e Kamala Haris aparentarão a tal mudança, que tudo deixará na mesma. Mesmo que ela nos melhore significativamente os hábitos digestivos. A verdadeira mudança norte-americana decorrerá da influência crescente de quantos se definiam como apoiantes de Bernie Sanders ou Elizabeth Warren e olham para os candidatos democratas como os males menores deste momento.
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