sexta-feira, 6 de novembro de 2020

A aplanada areia molhada

 


As reações de Trump no dia de ontem - mais destemperadas do que o costume! -, indiciam estar a sentir-se como um miúdo em insuportável birra por ver demolido o castelo de areia, julgado tão sólido, pelas sucessivas vagas, aqui traduzidas nas notícias dos votos contados nos Estados ainda em aberto.

Vão-se acumulando os sinais da falência do projeto de criação de uma crise constitucional, que suscitasse o caos por longos meses: as televisões interromperam-lhe o discurso, que estava a fazer da Casa Branca, por o saberem eivado de mentiras. O mesmo argumento tomado pelas redes sociais para lhe bloquearem as contas. E até os senadores do próprio partido - finalmente conscientes da oportunidade de se livrarem do estorvo! - estão-no a deixar na condição do general de Garcia Marquez, definitivamente enleado no seu próprio labirinto. Desesperado, o filho do enfraquecido candidato a ditador veio apelar a que saiam da suspeitosa inação, ameaçando-os com a vindicta dos eleitores, que não esquecerão tal atitude.

Com sentido de Estado, Biden vai acalmando as hostes, que gostariam de já estarem a comemorar a vitória, mas indiciando os passos seguintes: muitas cautelas e caldos de galinha para responder a um balão demasiado cheio e destinado a ser esvaziado sem fazer ondas demais. Para que não se veja na mesma situação do miúdo condenado a ver o castelo de areia reduzido a aplanada areia molhada.

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