Não é que dê grande crédito a sondagens, e muito menos às encomendadas pelo grupo Cofina, mas a que ontem se conheceu poderá pressupor o retorno negativo do Bloco de Esquerda junto de simpatizantes e votantes, que não compreendem a sua estratégia face ao OE-2021.
Os 37,1% do Partido Socialista demonstram como o eleitorado mantém significativa confiança no governo na forma como tem combatido a pandemia, resultando fúteis as palavras de Marcelo quanto às supostas faturas a serem pagas quando ela passar. Como se resultasse inevitável a queda abrupta na apreciação dos portugueses por constituir o governo que, com competência impensável nos que lhe pudessem servir de alternativa, faz tudo quanto está ao alcance para limitar os danos de uma crise para a qual não há quem consiga dar resposta mais eficaz.
Não é, igualmente, novidade que a direita no seu todo - incluindo os fascistas, que Rui Rio se esforça por banalizar como iguais às demais forças políticas - pouco supera a percentagem socialista, encontrando-se a diferença dentro da margem de erro prevista por este tipo de instrumentos. Não se pode, igualmente, ignorar o facto de ser a Intercampus a dar maior percentagem ao Chega que, noutras sondagens, figura dois ou três pontos abaixo.
Mas, relativamente à anterior previsão, é o Bloco quem conhece diferença mais significativa com uma queda da ordem dos 3%, que não é difícil compreender porquê: existindo um eleitorado flutuante, que ora vota PS, ora vota Bloco, consoante sinta os dois partidos mais ou menos próximos de uma reedição da convergência conseguida há cinco anos atrás, o facto de Catarina Martins tomar uma posição tão avessa a essa possibilidade priva-a desses eleitores, que faziam do seu voto uma tentativa para puxarem o PS um pouquinho mais para a esquerda. Daí que possam ter optado por não darem imediata conta da mudança de sentido de voto para outro partido ou tenham contribuído para engrossar a previsão absurda no PAN.
Se na sede do Bloco preferirão retirar conclusões dos indícios desta sondagem - porventura corroboráveis nas outras em breve conhecidas - ou se quererão colocar a cabeça debaixo da areia e obstinarem-se na mesma estratégia antigoverno é algo que nos motivará a atenção nos meses vindouros. Porque a realidade eleitoral do país está mais ou menos consolidada em quem vota sempre nos mesmos partidos - as suas massas críticas - e num escasso número dos que mudam consoante as circunstâncias. No Bloco parece ignorar-se que uma franja significativa desse eleitorado flutuante tende a penalizá-lo fortemente se persistirem na mesma convergência com as direitas que, há nove anos, lhes reduziu para metade o seu grupo parlamentar.
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