terça-feira, 24 de novembro de 2020

Foi há três semanas!

 


Não foi tão fácil quanto o meu inveterado otimismo predizia, mas consumou-se de facto: Joe Biden será o próximo presidente dos Estados Unidos e Donald Trump vai direitinho para o caixote do lixo donde dificilmente será resgatado. Três semanas depois e a muito custo ele atira a toalha ao chão!

Voltarei a ser demasiado confiante no futuro ao predizer que Trump depressa subscreverá o que Giulio Andreotti disse uma vez sobre o poder: que ele depressa desgasta quem o não tem? Poucas dúvidas tenho em como depressa ele o sentirá, causando-lhe as merecidas dores de quem verá o incurável narcisismo reiteradamente frustrado nos seus pensamentos mágicos. Não é difícil congeminar a forte possibilidade de haver quem esteja a fazer as contas no Partido Republicano para, daqui a quatro anos disputar a Casa Branca, desde o ultrarreacionário Ted Cruz ao oportunista Marco Rubio sem esquecer Chris Christie, que foi próximo de Trump, mas agora se apressou a dele se distanciar. E este último caso é particularmente lapidar: para muitos políticos republicanos a proximidade a quem agora foi derrotado funcionará como um estigma, de que se pretenderão dissociar o mais depressa possível.

Por muito que procure disfarçar o quanto o seu «império» imobiliário se assemelha a um castelo de cartas, não tardará que Trump confirme não haver quem lhe suporte as birras e, muito menos, lhe financie os planos mirabolantes para voltar à Casa Branca em 2025. A exemplo de outros líderes que, em tempos, detiveram muito poder, ele só não será esquecido porque a sua Administração  imitou-os no que terá sido uma sucessão ininterrupta de tudo quanto a política internacional hoje mais dispensa; arrogância, preconceito, falta de empatia com as opiniões divergentes.

Três semanas depois pode-se reconhecer que o mundo ficou bem mais aligeirado com a confirmação da notícia tão desejada. Depois de quatro anos a vermos o planeta piorar em tensões políticas e em agravamento das condições climáticas podemos esperar que algo mude para que as coisas, desta feita, não fiquem na mesma. E a nomeação de John Kerry para liderar a inversão da estratégia norte-americana em relação ao problema mais candente da nossa era antropocénica alimenta as expetativas quanto a isso vir a ser um facto... 

1 comentário:

  1. Que Jorge Rocha ? Gostava de dar os parabéns pelo comentário de hoje sobre a desfaçatez do BE. Manuel Duran Clemente...

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