Esta é a semana de vários começos. Primeiro que tudo o do governo acabado de empossar e já com tanto para fazer. Porque as necessidades são muitas em vários setores da vida económica e social do país e quatro anos foram poucos para devolver aos portugueses a esperança e a confiança sonegadas pelos traumas causados pela troika e por quem apostava em ir ainda além de quanto ela exigia.
Em Santarém António Costa reafirmou não ter qualquer intenção em ziguezaguear. Para ele as alianças são óbvias! Estamos num país demasiado desigual e só com as esquerdas será possível corrigir esse indecoroso abismo entre quem continua a ter quase tudo e quem vê acabar o mês cedo demais para quanto recebe de ordenado ou de pensão.
Alguma vez se condoerão as direitas com esse cenário? Claro que não. Seria como pedir ao escorpião que evitasse morder as costas da rã que o transporta através do lago. Muito embora continuem a iludir imensa gente, que deveria escusar-se de nelas ver qualquer vantagem em apoiar. Só uma comunicação social distorcida quanto às prioridades da sua agenda editorial e uma igreja, que nem o Papa Francisco conseguirá desviar da condição de muleta essencial para que tudo fique como está, justificam a sua força eleitoral. Trinta e cinco por cento ainda é demasiado para um país que conta muito menos privilegiados do que esse favorecimento das direitas pressupõe. Mas o que fazer quando a edição de hoje do «Público» insere não só meia página com os dislates do sujeito com ares de psicopata, que quer tudo privatizar e quase acabar com as instituições do Estado, como dá duas páginas ao fascista-mor sentado na extrema-direita do Parlamento?
Um segundo começo é o do interrogatório de José Sócrates pelo juiz Ivo Rosa. O Ministério Público já está em postura defensiva a enviar para a bancada (Tribunal da Relação) vários pedidos de ajuda, porque sabe quão enviesados foram os métodos com que procurou provar uma tese para que lhe minguam as provas. O julgamento da Operação Marquês muito definirá sobre o que será o futuro da Justiça e da investigação em Portugal. Porque ou se enfia a cabeça na areia para permitir que os procuradores andem em roda livre, ao sabor dos seus preconceitos e preferências ideológicas. sem o escrutínio de quem quer que seja, ou voltam a prevalecer valores tão essenciais como a presunção da inocência de qualquer arguido até à decisão dos tribunais ou o fim da sórdida promiscuidade entre o Ministério Público e algum jornalismo de sarjeta.
Sobram outros começos na América Latina: depois dos recuos de Piñera e de Moreno em toda a linha. respetivamente no Chile e no Equador, somados às vitórias dos Fernandez e de Morales na Argentina e na Bolívia, Bolsonaro sentiria o chão a tornar-se ainda mais instável debaixo dos pés se a incurável burrice o deixasse ver mais do que dois palmos à frente do nariz.
Sem comentários:
Enviar um comentário