sábado, 12 de outubro de 2019

Breve Tratado de Marcelologia - 1ª parte


Há ciências que só duram o breve período de existência do seu objeto de estudo. Não é o caso dos dinossauros, que morreram há sessenta e cinco milhões de anos e continuam a dar de comer a muitos investigadores apostados em multiplicarem hipóteses, logo traduzidas em teses, aprovadas ou abandonadas em função das subsequentes demonstrações.
Mas se Marcelo virará dinossauro tão só saia de Belém, adivinha-se que de pouco interesse dele reste para os atuais marcelólogos - entre os quais me incluo! - logo destinados a irreversível desemprego. Vide o sucedido com outro animal da mesma estirpe - Cavaco de seu nome! - já tão sujeito a desinteresse científico, que nenhum cavacólogo voltou a debruçar-se sobre a sua inexistência, quando saiu recentemente das catacumbas para debitar uns inconsequentes propósitos sobre essa outra iminente irrelevância chamada PSD.
Mas, porque ainda continua em funções - por mais ano e meio acrescidos de mais cinco se for essa a vontade dos eleitores! - continuamos a encontrar matéria nas suas declarações e comportamentos, que justificam o mesmo processo de lhe formular intenções sub-reptícias com efeitos determinantes na maior ou menor tranquilidade do governo em vias de ser empossado.
A entrevista deste fim-de-semana ao programa dos choradinhos da SIC pressupôs um objetivo claro, que importa interpretar. Se há característica a associar-se a esse nosso objeto de estudo é nada nele provir de espontânea atitude. Há sempre uma intenção, que tem subjacente a aproximação possível aos seus declarados (pre)conceitos religiosos e ideológicos.
Existe uma primeira razão para que Marcelo se viesse expor neste momento preciso: sempre cioso de estar na luz da ribalta os momentos eleitorais devem-lhe ser particularmente dolorosos por lhe exigirem um recato, que lhe trava essa ânsia de protagonismo. Ainda julgou possível ter algum destaque com a deslocação ao Vaticano para celebrar a condição cardinalícia do Tolentino mas, falecendo nesse momento preciso, Freitas do Amaral fez-lhe uma derradeira desfeita: é que todos os noticiários encheram-se de elogios ao defunto não lhe dando espaço para merecer igual notoriedade, nem mesmo ficando tempo exagerado no velório. Porque outra característica do referido objeto de estudo é o de transformar contrariedades em oportunidades, ele aproveitou a obrigatória meditação para congeminar as estratégias de futuro para lidar com um primeiro-ministro que, no mínimo, desaprecia.
Mas essa será já reflexão a inserir na segunda parte deste Breve Tratado de Marcelologia.

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