terça-feira, 29 de outubro de 2019

Como nos vão querendo desinformar


O «Público» anda a exagerar da paciência dos que ainda vão nele gastando uns trocos para se irem informando. Porque a expetativa de tal suceder vai-se esboroando completamente com a linha editorial definida por Manuel Carvalho, cada vez mais orientada para a direita e a extrema-direita.

Olhemos para os comentadores da edição de hoje. Paulo Rangel aborda a exagerada dimensão do elenco governativo demonstrando que é mais um daqueles para quem o tamanho conta, tanto mais que se sabe diminuta a sua altura e inteligência. Paulo Morais volta pela bimilionésima vez ao tema da corrupção sobre a qual assentou a tentativa de protagonismo público sem haver quem lhe dê peva. O presidente do grupo Mello Saúde discorre sobre as políticas para o setor com a «objetividade» esperada de quem quer ver o SNS implodir para garantir maiores lucros nos seus hospitais e clínicas. O deputado do partido do psicopata afiança não o motivar o despeito pelo despedimento do cargo de presidente do Turismo de Portugal (para que fora convidado por Adolfo Mesquita Nunes do CDS), mas a vontade de tudo privatizar desde a RTP à Caixa Geral de Depósitos com a água pelo meio (se os «estudos» em curso o convencerem de tão promissora »benesse para o interesse público»). E sobra o estrambólico Tavares, com sinecura garantida na última página, a debruçar-se sobre a saia do assessor da deputada do Livre.
Em suma: na política nacional estamos conversados sobre quanto o que o «Público» nos desinforma.
Resta a política internacional onde é difícil contornar o que vai sendo a catadupa de notícias promissoras para a forma como o mundo vai andando: se é certo que o fascista Salvini ainda vai conseguindo algum sucesso, ganhando a eleição regional na Umbria, na Argentina temos de congratularmo-nos com a vitória dos Fernandez, com o novo presidente a exigir a libertação de Lula para óbvia irritação do jagunço brasileiro. Ainda na América Latina na sucursal do imperialismo norte-americano na região - a Colômbia - o partido no poder sofreu copiosa derrota nas autárquicas, sendo particularmente saudada a vitória da senadora ecologista em Bogotá e de um ex-guerilheiro das Farc em Turbaco.
A notícia que, porém, dá maior satisfação é a do peralvilho da Casa Branca ter ido assistir ao jogo de basebol entre os Washington Nationals e os Houston Rockets: julgando-se fadado a grande ovação pela morte do líder do Daesh, anunciada na véspera, viu-se prendado com monumental vaia e gritos de «Lock him up!» («Prendam-no!») numa oportuna adaptação do que os seus apoiantes guinchavam contra Hillary Clinton na campanha eleitoral.
Por muito que nos possam assaltar algumas dúvidas nos momentos mais agrestes, a verdade é que o mundo pula e avança tal qual enunciava António Gedeão num dos seus poemas.

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