Iniciou-se a nova legislatura com as primeiras sessões, ainda protocolares, para reeleger Ferro Rodrigues e resolver outras minudências associadas à circunstância. Deu contudo para ouvir Rui Rio proferir um vaticínio, que as televisões trataram logo de empolar: o governo não durará quatro anos.
No fundo Rio repete, mesmo que com menos ênfase, o que Passos Coelho disse há quase quatro anos. Depois foi o que se viu! Razão bastante para os portugueses começarem a olhar para o PSD (independentemente de quem o lidera!) com o tal Pedro (não o outro!), que tanto dizia vir aí o lobo, que nele não acreditaram mesmo quando estava a falar verdade.
Se tivéssemos ficado por aí não viria grande mal ao mundo. O pior é ter ouvido entrevistas com alguns dos novos parlamentares, que vêm imbuídos de um anticomunismo tacanho. Num caso - o da Roseta Jr. - a perorar sobre quanto ficara traumatizada no longínquo dia em que os papás ficaram ali aprisionados durante umas horas devido a uma manifestação. No outro, com o ultraneoliberal a desejar desconhecer certos corredores do palácio de São Bento onde decerto teme encontrar vermelhos furiosos com a faca pronta a cortá-lo às postas. Do facho, mesmo facho, não tive paciência para ouvir as parvoíces, utilizando atempadamente o zapping antes que a sua inépcia crónica me chegasse aos ouvidos.
Houve ainda um aspeto em que o conjunto das direitas e os comentadores a elas afeiçoados convergem: para elas e para eles o tamanho conta! Olá se conta! Apanha-se um jornalista à mão e é vê-los repetir vezes sem conta a ladainha da dimensão do governo. Quase parecíamos estar perante uma cena de algum filme protagonizado pelo mítico John Holmes!
É claro que ninguém refere os desafios a superar com a iminência do semestre português a presidir à União Europeia e o quanto os ministros e os secretários de estado têm de se dividir entre a agenda interna e a dos 27. Mas, sobretudo, nenhum dos que manifestaram preocupação com a volumetria do governo quis lembrar o sábio conselho de Deng Xiaoping, quando afastou os maoístas mais intrépidos da Revolução Chinesa e referiu que, seja branco, ou seja preto, o que se pretende de um gato é que cace ratos. Da mesma maneira pode-se considerar que, seja qual for a sua dimensão, o que importa é ver o governo fazer ainda mais e melhor do que o anterior.
Sem comentários:
Enviar um comentário