quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Branda ainda, mas a má-língua vai dando sinal de si


Ao conhecerem a lista dos ministros do próximo governo, as televisões, as rádios e os jornais ainda revelaram alguma cautela quanto ao estilo, que irão utilizar para lhe fazerem combate. O reforço da força parlamentar socialista tolhe-lhes a vontade de avançarem desde já para a má-língua desenfreada tendo em conta os potenciais custos em audiências e em tiragens, dada a manifesta incompatibilidade da sua habitual agenda noticiosa com a vontade expressa pela maioria dos eleitores. Se já são tantos os que nem durante o zapping entre os vários canais querem quedar-se um segundo que seja nalguns deles ou os que manifestam nas redes sociais o progressivo abandono da compra de jornais e revistas por estarem fartos de as ver em constante campanha política contra o governo em particular e contra as esquerdas em geral, os donos da comunicação social arriscam-se a investimentos mais significativos para manterem veículos de (des)informação, que se vão pagando cada vez menos a si mesmos. Porque, mesmo nas receitas publicitárias só pode crescer o desinteresse de certas marcas em anunciarem produtos onde o número dos espectadores, ouvintes ou leitores dessas mensagens serão irrisórios.
O escorpião não consegue, porém, iludir a verdadeira natureza, e nalguns casos surgiram críticas - mesmo que brandas - à referida composição do governo. Uns aventaram ser um executivo com um número record de ministérios, mesmo reconhecendo que a Presidência da União Europeia está quase a acontecer e a dispersão entre a implementação das políticas internas e a gestão das destinadas ao universo dos 27 países membros o implica. 
Sendo coxo esse argumento, optam por aludir ao défice de renovação, já que a maior parte dos titulares mantem-se em funções nas áreas de que já se incumbiam. Os críticos dessa reiteração de confiança no referido elenco querem esquecer a regra de mero bom senso que manda não mexer em equipa ganhadora. Porque a ela deve-se em grande parte a vitória de 6 de outubro.
Se são múltiplos os sinais de confiança em António Costa em muitos dos que, intramuros ou além-fronteiras, participarão nas dinâmicas dos próximos anos, eles parecem nada ensinar a quem olha para a realidade em função das suas (más) vontades e vê problemas onde eles manifestamente não existem.

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