Iniciamos a semana com a composição completa do novo governo, conhecendo-se agora os nomes dos ministros e respetivos secretários de Estado.
Lá virá o estarola da extrema-direita dizer que são demais, mas adivinhamos-lhe dotes semelhantes aos do jagunço brasileiro que, desconhecendo o significado de governação, lá vai desgovernando o rumo do gigante sul-americano em direção a imprevisível abismo. Quanto aos demais partidos representados no parlamento, ou não se lhes conheceu reação ou avançaram com a lógica do senhor de La Palisse: de pouco importam as pessoas, porque relevam as políticas que decidirem. É claro que o Nogueira foi a exceção, mas já estamos habituados a que lembre aqueles putos sempre zangados, que fazem birra facilmente para chamarem a si a atenção.
E já que estamos com a mão na massa falemos dessa outra criança, que John Le Carré considerou andar a fazer-se passar por primeiro-ministro e tem conhecido sucessivas derrotas nas suas estratégias para levar a termo uma ambição, provavelmente seguida do estilhaçamento do Reino Unido, deixando os ingleses a contas com a sua irreversível pequenez.
Os tempos não andam, aliás, de feição para os políticos enfeudados aos interesses da Casa Branca e, por associação, do Pentágono: Netanyahu desistiu de formar governo e tem uma cela à espera em Telavive, o vizinho Hariri acaba de atirar a toalha ao chão após dias sucessivos de contestação popular, no Chile o neopinochetiano Piñera decidiu reprimir os protestos com tal violência, que já se contam onze mortos e mais de dois mil prisioneiros, e o seu parceiro boliviano não conseguiu desalojar Evo Morales da presidência boliviana.
Das movimentações populares no Líbano e no Chile, como semanas atrás no Equador ou na Argentina, as nossas televisões quase têm passado ao lado. Que diferença em relação à Venezuela, que costumava abrir telejornais quando um émulo de Assunção Cristas já se proclamava presidente e, afinal, continua a remoer a frustração dos seus planos. Porque não têm tantos emigrantes quanto o país caribenho? Claro que não, porque não se justificaria, da mesma maneira, o relevo dado às arruaças em Hong Kong, explicáveis em parte pelo tipo de intervenção clandestina das agências de espionagem dos EUA, quando se trata de criar dificuldades ao inimigo visto com o mesmo maniqueísmo dos tempos da Guerra Fria. Após a Ucrânia para agastar a Rússia, eis o momento antichinês, sempre acompanhado da campanha da defesa das liberdades, sobretudo a dos mercados, porque as demais são meramente instrumentais para o objetivo dos grandes grupos financeiros norte-americanos. Mas será que em Washington ou em Wall Street haverá quem tenha ilusões quanto à iminente supremacia chinesa, que redesenhará a ordem económica internacional nas décadas vindouras?
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