Com o surgimento de Pinto Luz a somar-se a Luís Montenegro no desafio à liderança de Rui Rio, crescem as oportunidades deste último em sair vitorioso do Congresso de janeiro. Ao contrário do que dizia uma conhecida publicidade de há quase meio século se um elefante incomoda muito a loja de cristalaria em que se converteu o partido sedeado na Lapa, dois tendem a incomodar menos, porque não há porta bastante para, acotovelando-se, conseguirem franqueá-la.
E então se Moreira da Silva quiser juntar-se à festa, então as apostas quanto ao ganhador, tornar-se-iam ainda mais fáceis de sair premiadas. Mas, suficientemente inteligente para evitar a previsível derrota, o potencial candidato apenas quer que dele se lembrem para ocasião futura, porque melhor se sentirá como colega do alvarinho dos pastéis de nata nos escritórios da OCDE.
Com os dois previstos competidores, Rio sabe que terá de suar a camisola para os levar de vencida e, por isso, já foi preparando o terreno para ser o líder do seu grupo parlamentar, quando os trabalhos da nova legislatura começarem. Pretenderá ganhar a visibilidade que vibrantes discursos com muitos efeitos oratórios, mesmo que vazios de substância, decerto lhe proporcionarão na comunicação social.
Razão para prever que, pelo menos até janeiro, António Costa poderá sentir-me menos incomodado com as peixeiradas de Assunção Cristas - que adotará o low profil imposto pela humilhação eleitoral -, definitivamente transitadas para a bancada do lado. Desejoso de demonstrar aos votantes das primárias do seu partido, que terá lábia para contestar os fortes argumentos do primeiro-ministro, não lhe restará grande margem para evitar o acinte, a gratuita provocação. Corre, então, o risco de se equiparar aos dois farsantes, um de cada partido, que estão posicionados mais para o canto. Mas sabe que a esses resta pouco tempo para tomarem a palavra e que Costa os sujeitará a merecido desprezo. Por isso conta com o ser levado um pouco mais a sério para, exagerando na bravata palavrosa, levar de vencida os oponentes. O pior para ele é quebrar o resto das pontes em tempos estabelecidas com o primeiro-ministro quando ambos comandavam os destinos das duas principais cidades do país. O que equivalerá a passar o resto da legislatura como irrelevante, mero figurante sem espaço para chegar a ter algum papel mesmo que secundário...
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