domingo, 6 de outubro de 2019

Os jihadistas europeus e as políticas da Casa Branca


Num documentário francês, quase inteiramente rodado em território curdo, aborda-se a questão dos jiadistas que saíram de vários países europeus para juntarem-se ao Estado Islâmico. Hoje acantonados em prisões locais estão num impasse, porque ninguém os quer. Apesar de oficialmente alemães, franceses ou pertencentes a um qualquer outro país da União, são considerados criminosos para os quais a reconstrução mental é tida como impossível, tão fanatizados se mostram quanto à justeza da sua ideologia. E até as mulheres e as viúvas resistem a considerarem-se cúmplices de algo de condenável, sem se entenderem elas próprias vítimas de um regime, que tratava-as como autênticas escravas sexuais e serviçais domésticas.
Únicos mártires de toda essa tragédia são as crianças subnutridas, espantadas com tudo quanto se passa à sua volta e incapazes de terem a mínima noção da sua triste condição, mesmo quando têm a sorte de serem internadas nos hospitais geridos pelas ONG´s apostadas em, pelo menos, salvar-lhes as precárias vidas.
Para as autoridades curdas o esforço de servirem de carcereiros daqueles que tantos crimes cometeram contra o seu povo constitui um encargo indesejado e um risco de segurança que não pode ser menosprezado tendo em conta os motins verificados nalgumas dessas prisões. Por isso tem que se lhes dar alguma razão, quando exigem a concretização de um projeto, ainda não saído do papel, em que será criado na Europa um Tribunal especial do género do de Nuremberga para julgar esses prisioneiros e dar-lhes o correspondente tratamento. Embora haja quem considere que existiria maior legitimidade em recambiá-los para junto dos generosos financiadores do Daesh, quase todos abancados na Arábia Saudita ou nas demais monarquias do Médio Oriente tidas pela Casa Branca como aliadas das suas políticas para a região. O que significa que essa hipótese dificilmente se concretizará.
Ainda assim as coisas estão a mostrar-se particularmente complicadas para Donald Trump que não tem como escapar ao processo de impeachment, que se não o derrubará, não deixará de o tolher quanto ao eventual sucesso da sua eventual recandidatura.
Por estes dias estranha-se o coro dos que se desgostam com a iniciativa do Partido Democrático julgando-a facilitadora dos desígnios do visado. Não é esse o entendimento dos comentadores que a consideram imprescindível como forma de devolver alguma sanidade à política norte-americana. É que uma boa parte do eleitorado pretende uma mudança radical do curso seguido nestes quatro anos e, seja com Joe Biden, que retomará a tíbia governação de Obama, ou com Elizabeth Warren, que promete efetivas mudanças capazes de virar definitivamente a página à primazia dos alt-rights, dos suprematistas e dos restos do Tea party no quotidiano dos seus concidadãos. Com o afastamento de Bernie Sanders por razões de saúde caber-lhe-á liderar a crescente percentagem de militantes e simpatizantes do seu partido, que não têm qualquer pejo em dizerem-se socialistas. E será sempre excelente o advento desse esperado momento em que a Sala Oval passa a ter como ocupante uma mulher inteligente e determinada...
Apesar dos poderosos lobbies com que se confrontará ela poderá constituir o pior dos pesadelos para os países ainda sujeitos a uma versão odiosa dos sentimentos religiosos.

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