sábado, 19 de outubro de 2019

Picuinhices e uma efémera casa das Barbies


Dedicar-se-á Rui Rio à peixeirada ou não? No texto de ontem levantei essa possibilidade enquanto única estratégia para aparentar voz grossa com António Costa e assim ganhar pontos junto dos que irão votar nas diretas daqui a algumas semanas. E logo um amigo reagiu contestando a hipótese por ser contrária à personalidade do visado. Mas será assim? Não tivemos uma boa amostra dessa postura nos últimos dias da campanha eleitoral, quando esqueceu tudo quanto dissera da judicialização da política e quis ganhar votos à conta do caso de Tancos?
Aposto em como depressa veremos confirmada a tese, porque tivemos outro elucidativo exemplo neste final de semana: o adiamento da tomada de posse do novo governo, por uma questão do que Augusto Santos Silva  classificou muito justamente de «picuinhice»: nada alterando os resultados eleitorais, nem os mandatos atribuídos, o PSD decidiu impugnar as eleições a pretexto de terem sido considerados nulos os votos da emigração, que não se fizeram acompanhar da respetiva comprovação da identidade dos eleitores. Que diferença fará substituir-se a classificação de votos nulos por abstenções? Prendendo-se a tão ridículos pormenores o PSD de Rui Rio dá provas do que será o seu comportamento quando se iniciarem os trabalhos parlamentares.
Compreende-se o seu  nervosismo dado sobrarem candidatos à sucessão no PSD em comparação com o vazio até agora constatado no CDS para a substituição de Assunção Cristas.  Mas ele até pode congratular-se com o facto: dentro da crise que assola as direitas lusas, divididas entre os sintomas de decadência e os meramente anedóticos, o seu partido ainda demorará a conhecer o merecido ocaso. Quanto ao CDS as coisas fiam mais fino, porque nenhuma das alternativas parecem suficientes para inverterem o rumo a que a frustrada candidata a primeira-ministra o conduziu. A menos que, qual Sebastião em dia de nevoeiro, o Paulinho das feiras venha dar o corpo ao manifesto. Mas, entretido em proveitosos negócios, quem o convencerá de que o tempo possa voltar para trás? Ele sabe bem que não...
No entretanto, e porque não encontra melhor forma de aparecer nos telejornais, Marcelo arrisca o ridículo recebendo em Belém umas quantas moçoilas, que ganham a vida com a exposição das suas frivolidades. Muito apropriadamente, no «Público», Luciano Alvarez constatava que o palácio presidencial converteu-se, durante umas horas, na casa das barbies.

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